terça-feira, fevereiro 14, 2006

Turismo e transporte - parte I


Discute-se, com excesso de calor, a criação de uma taxa que desacelere o turismo que é predatório desde que Ilhabela tornou-se destino badalado. Discute-se também se moradores não devem ter prioridade na fila das balsas.

Alguns -- como eu -- dizem que estas propostas são inconstitucionais. Outros -- e às vezes eu faço parte deste grupo também -- dizem que a Constituição Federal tem valor legislativo menor que um gibi da Mônica e que ignorá-la é um dever do cidadão de bem. Nem tão lá, nem tão cá. Vejamos.

Sobre criação de taxas, soy contra. Cria-se uma taxa: para onde vai o dinheiro? Ainda que ele realmente seja aplicado naquilo a que se destina, por quais caminhos ele passará até que cumpra seu objetivo? Quanto desse dinheiro será efetivamente utilizado para o bem comum e quanto será retido pelas peneiras da corrupção? Num país que já cobra 40% de tributos de todos os cidadãos -- eu, você --, propor novos tributos deveria ser motivo para execração pública.

Políticos deviam se envergonhar de criar novos impostos. Não apenas porque eles oneram o já sofrido contribuinte, mas porque demonstram a incapacidade dos políticos para resolver os problemas da sociedade sem recorrer à solução fácil e definitiva: meter a mão no bolso alheio.

Sobre facilitar o acesso do morador de Ilhabela à balsa, parece algo bom, embora eu já tenha me manifestado contra isso. Mecanismo simples e breve: uma fila especial para carros com placa de Ilhabela. O problema, contudo, não está em oferecer vantagens para o morador, mas oferecê-las justamente onde elas não são assim tão importantes.

Entre tantas coisas necessárias e importantes, por que diabos as pessoas se preocupam tanto com filas de balsa, com algo com que a maioria dos habitantes já se habituou? Por que não dedicar os neurônios a problemas realmente importantes, estratégicos, que de fato farão toda diferença para a cidade?

Para ficarmos apenas na questão do excesso de veículos -- pois foi daí que toda discussão surgiu --, há diversas soluções possíveis:

- melhoria no sistema de transporte público
- conclusão e ampliação da ciclovia, adaptação das vias públicas à presença constante do ciclista
- urbanização dos passeios públicos e calçadas
- implantação de hidrovia (a sério)

Todas estas idéias partem do seguinte pressuposto: Ilhabela pode e deve pensar em meios de transporte alternativos. Criar mecanismos de punição aos motoristas apenas cria mal estar entre população e poder público. Beneficiar quem não é motorista é uma forma mais adequada de dizer aos motoristas que eles devem deixar o carro em casa alguns dias por semana -- se possível todos.

Nos próximos posts tentarei analisar e detalhar cada um dos itens mencionados.

Nenhum comentário: