sábado, maio 31, 2008

E a Vila?

vila ilhabela

Post encontrado no blog do Guia 4 Rodas. Vale a pena ler até o fim, inclusive para pensar nas transformações pelas quais a Vila tem passado recentemente. Seria excelente se elas estimulassem um retorno àquela condição pacata anterior à eclosão do turismo dos anos 80 e que os moradores voltassem à Vila.

Para isso, um bom começo seria organizar o receptivo dos navios (que hoje é um caos de jipes, vans e stands feiosos), acabar com os foguetórios e disciplinar os eventos que acontecem na Vila.

Dona Mariquinha não nasceu em Ilhabela, mas mora na rua Dr. Carvalho há mais de 50 anos. Sua casa é uma das poucas da Vila, o centrinho da cidade, que preserva a fachada original, com batentes azuis e porta que abre direto na rua. Ela, no alto de seus quase 80 anos, faz parte de uma das oito famílias que resistem à comercialização do lugar. “Antes, todo mundo ficava sentado na rua, em frente ao mar. Não tinha estacionamento, não tinha tanto carro nem essas lojas todas”, lembra. “Tenho fé que as coisas vão mudar. Antes, a rua do Meio vivia cheia de gente até de madrugada por causa dos bares. Agora, isso acabou”, diz, com razão. A rua São Benedito, conhecida como rua do Meio, e a própria Vila não são mais as mesmas.

As agências bancárias que se concentravam ali foram para o novo centro comercial, no Perequê. Os bares, que tanto movimentavam o centrinho, fecharam as portas e os poucos que ainda resistem, em frente à praça Coronel Julião, não atraem mais muita gente – e, dizem os boatos, acabam de ser comprados por uma gigante imobiliária, que pretende fechar parte do quarteirão (perguntei, mas ninguém confirmou – ou desmentiu – essa história). Os jardins próximos ao píer se transformaram em vagas para o tal do estacionamento rotativo, que acaba de ser implantado na ilha. As fachadas das casas, que eram como de Dona Mariquinha, algo similar a Parati, hoje lembram mais shoppings, com suas grandes (e bem caras) vitrines. E até a centenária (e histórica) canoa exposta no meio da praça perdeu o sentido. Ali, bem em frente a ela, a prefeitura montou um feioso quiosque de dúvidas sobre o estacionamento rotativo que, ou está vazio, ou cheio de gente que não se importa muito em dar informações.

Dá uma certa pena conversar com Dona Mariquinha, tão saudosa. O curioso é que fui atrás dela justamente porque ninguém sabia me contar direito a história do local. Se você se interessa pelo assunto, bata na porta dela, vizinha ao Ponto das Letras. Ou dê uma passadinha na Padaria Dona Cristina, que fica na esquina da Dr. Carvalho com a Santa Tereza, onde há fotos da Vila de antigamente. Na rua da Padroeira, seu Chiquinho, o dono da Drogaria Nova Esperança (que era só Esperança quando foi construída, na década de 20) tem algumas lembranças. No Centro de Integração Ambiental, que funciona no prédio da antiga cadeia, há uma exposição que tenta mostrar o passado e a cultura da cidade por meio de fotos e de algumas maquetes. Lá, procure o Joãozinho. Ele e qualquer outro antigo caiçara vão ficar felicíssimos em saber que alguém está interessado na história de Ilhabela.


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Imagem obtida aqui.

Um comentário:

dimesi jr disse...

MEU AMIGO...
REALMENTE É DE EMOCIONAR ESSE TEXTO, O GRANDE PROBLEMA DA ILHA É A FALTA DE CONTROLE, DE ORIENTAÇÃO PARA O FUTURO DA ILHA. INFELIZMENTE AS PESSOAS QUE MORAM AQUI - DE FATO - NÃO TEM ESTRUTURA INTELECTUAL OU SENSIBILIDADE PARA RETER O PRINCIPIO DE QUE TUDO AQUI, DESDE A HISTÓRIA ATÉ A CULTURA E O MEIO AMBIENTE SÃO FRÁGEIS, E VÍTIMAS FÁCEIS DA GANÂNCIA E DESCOMPROMISSO DA MAIORIA DAS PESSOAS. INFELIZMENTE AS CARACTERÍSTICAS ORIGINÁRIAS DA ILHA E DE SEUS ILHOTAS SÃO APENAS FRAGMENTOS DO PASSADO COM TRISTES PERSPECTIVAS DE FUTURO. ISSO É QUE É REALMENTE TRISTE.
UM ABRAÇO.