quinta-feira, maio 07, 2009

Proibido vender coxinha

Cigarros, coxinhas, batatas fritas, guaraná e os consumidores e comerciantes desses produtos são elevados à categoria de vilões. Enquanto isso, os verdadeiros vilões permanecem livres. Certamente é mais fácil proibir o consumo de coxinhas do que o consumo de maconha e cocaína; assim, o Estado constrói uma imagem de bom-mocismo e competência às custas da liberdade do cidadão. Só que o Estado não está genuinamente interessado em defender o cidadão. O Estado está interessado em aumentar o próprio poder, em invadir a vida do cidadão com restrições cada vez maiores e mais numerosas e em livrar-se das responsabilidades que não foi capaz de cumprir até hoje, pois o que é visto ajuda a esconder o que não é visto.

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Como o leitor poderá notar, meu artigo da quinzena no jornal Canal Aberto não trata de assuntos diretamente ligados a Ilhabela. Minha intenção foi, no entanto, alertar para a criatividade dos legisladores, que não é exclusiva dos deputados estaduais.

Em Santos, por exemplo, vereadores aprovaram lei que obriga restaurantes a fornecer fio dental para seus clientes. O que mais impressiona nessas iniciativas é, como disse em meu artigo, o aplauso geral. Muitas vezes nem mesmo os comerciantes vêem nessas leis qualquer traço de totalitarismo.

Oras, nada contra oferecer fio dental, alimentos saudáveis, cafuné, o que quer que seja aos clientes de restaurantes e de outros estabelecimentos. Recentemente estive num restaurante em cujo banheiro havia não apenas fio dental, como enxaguatório bucal -- achei genial. Acho apenas que isso não é da conta do Estado; deputados e vereadores simplesmente não devem perder tempo com essas questões.

Eu e você pagamos (alto) a essas pessoas para que cuidem de assuntos realmente importantes. Não me interessa ter fio dental no banheiro de um restaurante se ao sair de lá eu fico preso num engarrafamento ou se sou assaltado no primeiro semáforo em que paro.

As coisas essenciais estão longe de ser resolvidas. Logo, para o inferno com a criatividade para inventar leis -- aqui em Ilhabela, em Santos, em São Paulo, em qualquer lugar.


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Nota de agradecimento: por sugestão do leitor Pedro Volcoff, alterei a imagem do topo do blog (header). O próprio Pedro muito generosamente desenvolveu o novo layout e me mandou a imagem via email. A foto continua sendo a de sempre -- a praia do Pequeá (Engenho d'Água), foto que fiz em 2007 --, mas o novo layout é dele. Ao leitor-designer, meus sinceros agradecimentos.

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