sexta-feira, abril 07, 2006

Pedalar

Vereador quer apresentar Projeto regulamentando o uso de bicicletas em Ilhabela

Ilhabela - O presidente da Câmara de Ilhabela, vereador Luiz Lobo(PL), pretende apresentar projeto de Lei que regulamente e registre as bicicletas no município. A medida visa diminuir os acidentes de trânsito envolvendo ciclistas e evitar roubos e furtos destes equipamentos na Ilha. Para embasar sua idéia, Lobo esteve em Lorena, na região do Vale do Paraíba, onde visitou o departamento de trânsito para conhecer Lei semelhante que vigora naquela cidade.

O coordenador chefe do trânsito lorenense, Marcelo Augusto Pazzini, explicou ao presidente que a medida se fez necessária na cidade, devido ao alto número de bicicletas circulando pelas ruas. Segundo levantamento, Lorena conta com 90 mil habitantes e cerca de 70 mil bicicletas. A idéia consiste em registrar, emplacar e manter um banco de dados com informações do equipamento e do proprietário. Assim, numa eventual ocorrência de furto, será mais fácil identificar a bicicleta. O ciclista terá que obedecer efetivamente as leis de trânsito, sob pena de ter a bicicleta apreendida, se cometer infração, transitando em contra-mão, por exemplo. Por outro Lado, Lobo se preocupa também em estudar modos de viabilizar as questões de infra-estrutura, ou seja, a cidade deve se adequar, implantando bicicletários em pontos estratégicos, orientar o comércio local a fazer o mesmo além de manter a ciclovia em bom estado.

A população de Lorena aprovou o projeto e a idéia vem dando bons resultados. Lobo quer implantá-la aqui na Ilha e acredita que os munícipes ilhéus também não devem se opor. Campanhas educativas e explicativas também fazem parte do cronograma, buscando conscientizar os ciclistas de que a bicicleta é um veículo como outro qualquer e para isso, deve se adequar às leis de trânsito vigentes.


De alguma forma o discurso do vereador ecoa aquilo que eu havia escrito no Jornal da Ilha de fevereiro. No artigo Cinco idéias para uma cidade melhor, uma das idéias era justamente

Bicicletário: o trânsito mais uma vez ficou caótico nesta temporada e a cada verão o problema se repete. A bicicleta é uma solução simples, barata e saudável. Para que ela seja também viável, duas ações: concluir a ci-clo-vi-a, não obstante a frescura de alguns proprietários de imóveis, e a construção de três (sim, apenas três) bicicletários, aqueles estacionamentos de bicicletas — na Vila, no Perequê e na Barra Velha, perto da balsa. O que você pode fazer: pedalar muito, deixar o carro em casa e utilizar a bicicleta nas mais diversas situações. Mesmo que existam motoristas e ciclistas mal educados, mesmo que existam cães assassinos soltos por aí, mesmo que todo o trânsito seja planejado para o carro, pedalar ainda vale a pena.


A proposta esbarra, evidentemente, na ineficiência da fiscalização municipal, que não consegue realizar coisas simples, por exemplo, evitar que os ciclistas andem na contramão no miolo do Perequê (à frente do Supermercado do Frade e arredores). A questão não é física, pois há uma boa ciclovia (que precisa ser concluída), topografia confortável e paisagem exuberante. Tampouco legal: o Código Nacional de Trânsito prevê regras de conduta e segurança a serem seguidas por ciclistas. A questão é humana: quem aplicará as leis? como elas serão aplicadas? como punir e multar? E se as respostas a estas perguntas são óbvias (eu acho que não são), por que as leis não são aplicadas hoje?

Mesmo assim, trata-se de uma ótima idéia. Óbvia, mas ótima: a solução para os problemas de trânsito está nas bicicletas e no aproveitamento (não menos óbvio) das possibilidades que a ciclovia oferece. Pelo jeito, só o departamento de trânsito não tinha percebido isso.

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