terça-feira, janeiro 13, 2009

Verão em Ilhabela: só para turistas


Tudo tem um preço, mas em Ilhabela isso pode ser bem pior.

Escrevi isto hoje na comunidade Ilhabela do Orkut:
Estive num restaurante de Ilhabela em novembro último. Consternado e contrariado, paguei R$3,00 por um latinha de refrigerante -- porque a sede e o momento pediam. No mesmo restaurante, neste verão, constato que a mesma bebida -- uma coca comum -- havia saltado para R$4,50. E uma reles garrafinha de água mineral beirava os R$4,00 -- algo que pode ser comprado em qualquer mercado por menos de R$1,50.

Eu gostaria de entender o que leva a isso. Sei que pesa muito a questão oferta x demanda e é natural que num restaurante uma bebida custe um pouco mais do que custaria num mercado, por exemplo. O que me deixa encafifado é que no mercado uma garrafa de água que custa, suponhamos, R$1,50, obviamente tem embutido nesse preço o lucro que o mercado terá, que em produtos desse tipo beira os 100%. Se esse mesmo produto que no mercado é vendido por R$1,50 é vendido por R$4,00 no restaurante, isto significa um lucro muitas vezes maior do que aquele obtido pelo mercado.

Alguns donos de restaurantes poderiam argumentar que isso se deve ao fato de que os custos de um restaurante serem maiores e os ganhos serem inconstantes (sazonais), enquanto que um mercado proporcionalmente tem custos menores e faturamento o ano todo. Mas eu vejo que esse tipo de argumentação -- se realmente existe e procede -- é usada para sustentar certos abusos.

Além do abuso que uma lata de bebida a R$4,50 significa, há também o fato de que isso praticamente afasta os moradores desses estabelecimentos, dado que a maioria dos moradores não tem o mesmo poder aquisitivo da maioria dos turistas que vêm para Ilhabela no verão. Isso não era para ser um problema sério, mas a presença constante dos moradores nesses estabelecimentos poderia justamente reduzir o problema da sazonalidade que esses mesmos estabelecimentos enfrentam fora das temporadas.

Não pretendo postular que regras devem ser criadas etc. etc., mas de minha parte simplesmente não vou mais a esses estabelecimentos ou, se vou, simplesmente não consumo nada cujo preço considero abusivo.

Ilhabela tem restaurantes ótimos com pratos excelentes e, de um modo geral, preços razoáveis pela qualidade desses pratos e de seus serviços, mas o abuso nos produtos cujos preços as pessoas raramente verificam nos cardápios (bebidas, principalmente) mostra o nível e as intenções dos gerentes. Todo garçom, aliás, é instruído a perguntar quatrocentas vezes se o cliente quer beber alguma coisa. Claro, bebida dá mais lucro que comida para os restaurantes.

(...) A oferta e a demanda explicam isso -- e a grande presença de turistas reforça a tese. O ponto importante é que isso não torna os preços justos. Oferta x demanda explicam, mas não justificam -- e acima do mercado pode estar o bom senso do comerciante (para cobrar preços justos) e do consumidor (de simplesmente recusar preços abusivos, mesmo podendo pagar por aquilo).

Eu não questiono valores de pratos (v. post do Eugen), porque sei que se trata de criação/produção particular. Vejo a gastronomia como uma espécie de artesanato, e o artista tem o direito de cobrar o que quiser. Se se trata de um PF ou de um lanche, a coisa muda de figura. Um x-burguer, a despeito das variações possíveis, sempre será um x-burguer e é razoável que o preço varie pouco.

De forma análoga citei o caso das bebidas -- uma coca em lata é uma coca em lata em qualquer lugar, seja no Aracati, no Free Port ou no DPNY. Muita coisa explica diferenças enormes de preço entre esses estabelecimentos, mas o que justifica essas diferenças? Nada.
Desnecessário comentar aqui o que escrevi por lá, mas talvez outros consumidores e alguns empresários queiram comentar esse assunto. Para isso, sirvam-se da área de comentários.

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2 comentários:

Unknown disse...

Vale considerar também o preço do suco de laranja; o valor a latinha de coca acaba saindo mais barato.

Amo você, Chris. :o)

Isabel disse...

Concordo com você. Acho que seria bom um cartão de identificação do morador da ilha (criado talvez pela própria prefeitura) que desse direito a descontos. Isso seria vantajoso para todos: para nós moradores e para os donos de estabelecimentos que teriam garantida a ocupação fora da alta temporada...O que você acha?