terça-feira, agosto 01, 2006

Ciclovia

Enviei o seguinte e-mail à Divisão de Trânsito de Ilhabela. Espero, sinceramente, que ele não seja ignorado.


Prezado sr. diretor,


talvez a baixa temporada seja um momento oportuno para discutir alguns assuntos que em outras épocas do ano ficam em segundo plano. A despeito do bom trabalho desenvolvido
pelos profissionais do trânsito de Ilhabela, eu, como ciclista, tenho visto alguns problemas na ciclovia tal como ela se oferece ao cidadão atualmente.

O primeiro e mais notável é O FATO DE A CICLOVIA NÃO TER CONTINUIDADE. Como sabemos, trechos não fazem uma ciclovia. O que existe atualmente é bom, mas insuficiente. São especialmente perigosos para todos (ciclistas, pedestres e motoristas) os pontos em que a ciclovia termina (ou começa): invariavelmente os ciclistas usam a rua ou a calçada, misturando-se com pedestres ou automóveis.

Outro problema importante é a PRESENÇA CONSTANTE DE PEDESTRES NA CICLOVIA. Não sei se por falta de informação ou por falta de educação, muitos pedestres fazem questão de andar na ciclovia. Tento às vezes orientá-los, mas já houve quem me respondesse com grosserias ou ameaças de agressão. Percebo que a ausência ou a má qualidade das calçadas em alguns trechos faz com que os pedestres prefiram a ciclovia para caminhar. Mas na maioria dos casos a calçada tem o tamanho necessário e suficiente para a caminhada.

Trechos especialmente problemáticos são o do Morro da Cruz e o da ponte de madeira, no Perequê. São lugares bastante utilizados por pedestres, onde não há calçadas próximas para escape.

O primeiro problema pode ser resolvido com a firme decisão da prefeitura concluir a ciclovia e, quem sabe, estendê-la além dos limites da Vila e da Barra Velha. Esta decisão surge da consciência de que a ciclovia não é meramente uma infra-estrutura de lazer e recreio, mas de trânsito, extremamente útil e que pode aliviar os crescentes problemas de trânsito. Desnecessário dizer que o turismo também poderá ser beneficiado com ciclovias melhores e mais extensas.

O segundo problema se resolve com educação, sinalização e fiscalização.


Percebo que a sinalização existia, mas foi destruída por vândalos; talvez formas alternativas funcionem melhor, como a pintura do piso, à maneira do que é feito em ruas e avenidas. Muitas pessoas andam na ciclovia simplesmente porque demoram a notar que não se trata de um passeio para pedestres. Faixas para pedestres e a palavra "ciclovia" pintada em pontos estratégicos do piso podem ser formas mais adequadas de sinalização.


A fiscalização inexiste para pedestres e ciclistas. Já ouvi de um fiscal que é impossível fiscalizar a circulação de pedestres e de ciclistas, já que não existe legislação específica para isso. Mas não será responsabilidade dos fiscais também orientar os cidadãos? Sempre me impressiono quando vejo fiscais do trânsito atuando com profissionalismo e severidade no trânsito de carros e motos e simplesmente ignorando os erros notáveis que ciclistas e pedestres cometem -- alguns até potencialmente perigosos. Ainda que não existam leis para estas pessoas, por que não abordá-las e orientá-las?


A educação pode ser feita através da atuação dos fiscais. Pelo que sei, parte dela tem sido feita em escolas municipais, o que sem dúvida é uma ação importante, que dará frutos num futuro breve. Mas ela se mostra insuficiente para a atual condição do trânsito e, sobretudo, do uso da ciclovia. Campanhas de educação simplesmente não funcionam com moradores adultos. E há também muitos turistas que insistem em fazer da ciclovia seu belvedere; para eles as campanhas de educação também não são muito eficientes.


Como ciclista e cidadão, espero que estas palavras encontrem algum eco.


Sem mais, agradeço a atenção e aguardo sua resposta.


Com meus melhores votos,


Christian Rocha

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