terça-feira, agosto 08, 2006

Crime e espaço urbano

Vi na TV que um dos mentores dos ataques do PCC havia sido preso no litoral norte. Pensei: "...em Caraguatatuba?". Abri o saite do Imprensa Livre e vi: em Caraguatatuba não, ele foi preso em Ilhabela. A notícia relaciona o criminoso com o assalto ao Banco Bradesco ocorrido em maio, poucos dias antes do primeiro ataque do PCC.

O litoral norte ainda não se acostumou com o crime. Em minha opinião, é uma questão de tempo até que isso ocorra. Alguns indicadores dão validade a esta idéia: ocorrências cada vez mais freqüentes, muros altos, cercas elétricas. E cada vez mais as pessoas se fecham em seus guetos (miseráveis ou luxuosos), deixando a cidade ao léu. Em breve não haverá mais lugar para o cidadão comum. Chegará o dia em que será necessário estar vinculado a uma dessas três forças para circular livremente nas cidades brasileiras: o poder público, o poder do crime ou o poder da blindagem.

O lugar nada significa nessas horas. Tem significado aquilo que é possuído -- daí as cercas, os muros, a vigilância. E assim as cidades se tornam terra-de-ninguém.

O curioso é ninguém perceber a relação entre o uso público do espaço urbano e a presença de criminosos na cidade. Quanto mais condomínios fechados, vigilância e barreiras para evitar o crime, mais liberdade os criminosos adquirem para circular pela cidade e mais insegura ela ficará.

Uma dica: visite a nova Praça da Mangueira, na Água Branca, e veja também os primeiros movimentos da grande reforma na Vila. É bastante curioso perceber a tabula rasa feita nestes lugares. Foram piedosos com as árvores, mas não com as pessoas, não com as memórias. Onde não há memória, não há moral. Onde não há moral, predomina o vício, o crime, o materialismo
hedonista do aqui-agora.

Volto a este assunto em breve. Deixe seu comentário enquanto isso.

Nenhum comentário: