domingo, agosto 06, 2006

O mau turista: uma digressão


Cadê o turista que tava aqui?

Menas
, gente, menas.

Convidadas a citar os principais problemas de Ilhabela, muitas pessoas se apressam ao falar do mau turista, do turista porco, do turista mal educado. É mesmo?

Turista que é turista não passa o ano inteiro em Ilhabela. Talvez o mais endinheirado dos turistas passe no máximo 30 ou 40 dias de seu ano nesta cidade. Daí a primeira pergunta:

Será que em 30 ou 40 dias o turista consegue fazer mais estragos em Ilhabela do que o sujeito que vive aqui os 365 dias do ano?

Aliás, será que o turista que pode passar 30 ou 40 dias em Ilhabela é do tipo que faz estragos? Eu duvido que seja. Assim, faríamos a pergunta anterior trocando o sujeito da frase pelo turista que só passa feriados aqui: será que em 10 ou 15 dias o turista consegue fazer mais estragos em Ilhabela do que o sujeito que vive aqui os 365 dias do ano? É claro que não.

Daí a segunda pergunta:

Quando você fala do mau turista, do turista porco e do turista mal educado, você quer dizer que não há nada de errado com o mau morador, com o morador porco e com o morador mal educado? E com a má pessoa, com a pessoa porca e a pessoa má educada, algum problema?

Percebeu?

Sim, sim, minha gente. Turistas porcos são um problema — assim como o morador porco, o arquiteto porco e o estudante porco. Pessoas porcas são um problema, em qualquer lugar, em qualquer condição, assim como as pessoas más ou as pessoas mal educadas.

Uma pessoa me diz que os moradores têm mais consciência, não deixam lixo nas praias etc. e tal. É verdade: eles preferem esportes mais radicais, como lançar esgoto em córregos, deixar lixo e entulho em ruas e terrenos baldios e erguer construções irregulares (em favelas ou condomínios).

Mas o problema, de verdade, é culpar sempre os outros.

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