sexta-feira, outubro 07, 2005

Criatividade sem limites

A Cartilha do Legislador Batuta (diz a lenda que o livro realmente existe) determina que todo senador, deputado ou vereador batuta use todos os seus seis neurônios para sair em socorro de qualquer grupo ou pessoa que represente um número razoável de eleitores ou que detenha poder de influência capaz de determinar o voto desses eleitores. Foi assim com a Lei Rouanet, que permitiu que as empresas desviassem o dinheiro de impostos para patrocinar os projetos sócio-culturais que o Estado (através do Ministério da Cultura) disse previamente que eram bons -- para quê gastar com publicidade, né? Foi assim que o cinema brasileiro produziu grandes sucessos como "Aqui Favela, o RAP apresenta" -- com dinheiro público.

Acontece na esfera federal, acontece na esfera municipal.

Terça passada os vereadores de Ilhabela reuniram-se para discutir a crise no setor de construção civil, ecoando a indicação que o vereador Carlinhos fez ao executivo propondo patrocínio, digo, incentivo fiscal para os profissionais desse setor.

Já abordei o assunto neste Insular antes. Continuam valendo as palavras de antes. Faço apenas um acréscimo.

Não bastasse a proposta equivocada do vereador Carlinhos, alguns vereadores -- criativos de dar dó -- bolaram outras formas de incentivar o setor. Não bastou o ex-vereador Catolé lembrar-lhes que já existiam leis municipais que previam o estímulo ao setor (na minha opinião, estimulado em excesso desde os anos 80) e a proteção à mão-de-obra local. A criatividade estava fora de controle. A idéia mais maravilhosa da noite foi a criação de um "selo de qualidade" para profissionais de construção civil, algo como um ISO9000 emitido pela Prefeitura -- como se ao poder público coubesse dizer quem é bão e quem não é.

É ou não é a República Socialista de Ilhabela?

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