terça-feira, junho 07, 2005

Explosão demográfica

Que Ilhabela cresceu demais nas últimas duas décadas, todo mundo sabe. Os números da Fundação Seade revelam que Ilhabela cresceu à taxa de 4,06% ao ano desde 2000, ano em que a população era de 20.752 pessoas. Todos sabem também -- inclusive a administração municipal -- que estes números são preocupantes.

A principal causa do crescimento populacional tem sido a migração. Os migrantes são atraídos por melhores condições de vida e pelas ofertas de trabalho -- principalmente no setor de construção civil. O pouco que eles encontram aqui em Ilhabela é muito mais do que o muito a que podiam ter acesso nos lugares onde viviam.

O que se observa hoje, no entanto, é fruto da falta de planejamento no passado. Não me refiro ao planejamento sócio-demográfico, mas ao planejamento econômico, que na verdade é a principal causa do crescimento da população. Se a cidade prospera, ela melhora sua infra-estrutura e amplia a oferta de empregos, dois fatores que atraem migrantes. Em vez de um crescimento moderado e planejado, optou-se pelo crescimento desordenado, que em curto prazo é algo muito sedutor para os cofres públicos e para as urnas.

Ilhabela, embora seja uma cidade turística, teve seu crescimento baseado na construção civil. A conseqüência social disso é evidente. Menos evidente, mas não menos importante, é o seu impacto econômico. Ilhabela possui recursos humanos e logísticos precários; a maior parte da mão-de-obra disponível não possui especialização nenhuma e, portanto, não faz idéia do que é ecoturismo. Como pode uma cidade assim prosperar verdadeiramente, isto é, enriquecer e crescer com organização e sustentabilidade?

Ilhabela continua sendo uma cidade turística sustentada pelo mercado imobiliário. Quando todos os lotes estiverem ocupados -- o que não deve demorar muito tempo -- teremos eliminado de uma tacada só o setor de construção civil e os recursos naturais de Ilhabela, sem oferecer compensações para o turismo (ecológico e esportivo), que deveria ser, desde sempre, o objetivo, a causa e a conseqüência de toda a vida econômica no município. Depois disso, o que sobrará?

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