segunda-feira, fevereiro 26, 2007

A vitória do junk tourism



O fim da temporada normalmente é utilizado por empresários e comerciantes de Ilhabela para fazer balanços, para férias de funcionários, para colocar a casa em ordem, para observar erros e acertos. É um momento de reduzir a velocidade e respirar, buscando o tempo e a disposição necessários para planejar, talvez ampliar os negócios ou ajustar a direção para os próximos feriados e temporadas. A economia de Ilhabela oscila todos os anos entre o ritmo frenético de atender turbas de turistas e a monotonia de espantar borrachudos.

Muitos empresários dizem que seria melhor se o movimento de turistas fosse melhor distribuído ao longo do ano. É mais fácil atender 100 pessoas ao longo de uma semana do que atendê-las em um único dia.

Infelizmente o turismo não funciona desta forma. Naturalmente a maioria dos viajantes prefere viajar quando isso de fato é possível, como feriados prolongados e finais-de-semana. E é por isso que Ilhabela é um lugar tão tranqüilo numa segunda-feira comum como hoje, pela razão, bastante óbvia afinal, de que a maioria dos turistas está trabalhando em suas respectivas cidades de origem.

Mas não é a tranqüilidade a principal razão de ser do turismo praticado em Ilhabela? Pergunte a qualquer turista o que o move a pegar seu carro e vir para Ilhabela tão logo isso seja possível. Ele dirá algo como "Vou até Ilhabela dar uma relaxada, pegar uma praia, mudar de ares". O que torna Ilhabela diferente de uma cidade como São Paulo ou Campinas e tão atraente para pessoas destas cidades? Certamente não é apenas o litoral e paisagem acidentada e verde.

Ocorre que é cada vez maior o número de pessoas que decide simultaneamente vir para Ilhabela. À medida que aumenta o número de turistas em Ilhabela, diminui a tranqüilidade -- ou, para falar com mais precisão, a qualidade ambiental -- que torna este lugar atraente e aumenta o número de pessoas conformadas com a ausência dessa tranqüilidade, que buscarão outros programas para fazer a viagem a Ilhabela valer o esforço e a despesa. Em outras palavras, se a cidade não oferece mais as qualidades que oferecia antes, não há problema; a criatividade do turista e das pessoas que lhe prestam serviços cuidará disso.

O redimensionamento do Carnaval é o exemplo clássico dessa mudança de foco. Ao longo de duas décadas o Carnaval de Ilhabela ganhou uma dimensão apoteótica. Isso se deve não apenas ao desejo e aos esforços das escolas de samba, é claro, mas à demanda, ao número cada vez maior de turistas nessa época do ano -- e, diga-se, turistas dispostos a se concentrar na Vila para assistir aos desfiles. O turista pediu, a Prefeitura atendeu. E desta forma um número cada vez maior de pessoas virá para Ilhabela em busca do Carnaval organizado.

Eu costumava pensar que um prefeito séria e sinceramente decidido a trabalhar pelo turismo começaria suas ações pela qualidade das praias. Mas eu me enganei. As pessoas não estão interessadas em praias ou cachoeiras, não querem trilhas ou passeios ecológicos, embora isso possa ser agradável e desejável às vezes. As pessoas não vêm para Ilhabela para aproveitar as belezas naturais, mas para "estar em Ilhabela", para sair de suas cidades de origem e para mudar a rotina. Se o lugar tiver um ar mais respirável do que o da capital, tanto melhor.

Acertaram o prefeito e os organizadores do Carnaval, que apostaram que, como nos anos anteriores, os turistas viriam em massa para a Vila. O caos instalou-se nessa parte da cidade, é claro, mas foi o caos organizado, onde sempre se via um sujeito uniformizado a representar a longa mão do Estado. As praias continuaram sujas, ainda que desta vez não tenha havido chuva para justificar a falta de balneabilidade. Mas o Carnaval seguiu adiante, foi bem-sucedido, a cidade sofreu mas faturou. Fim de festa, hora de fazer a contabilidade. O junk tourism venceu.

Se Ilhabela fosse apenas um parque temático, seria perfeito. Disneylândia fecha as portas às vezes e é ocupada por uma equipe de técnicos e faxineiros, recebe limpeza e manutenção e reabre no dia seguinte, em plenas condições de receber e atender bem. Talvez Ilhabela devesse fechar também. A opção seria muito boa se não tivesse gente morando aqui -- pessoas com filhos na escola, pessoas que compram leite e pão de manhã cedo, que trabalham duro mesmo quando a cidade está abarrotada de turistas, ainda que a simples visão da praia ensolarada seja prazerosa e atraente. O problema não está nas pessoas que moram em Ilhabela, mas nas pessoas que pensam, agem e administram esta cidade como se ela não tivesse moradores.

Eu sempre imaginei que um lugar bom para se viver seria automaticamente um lugar bom para o turista também. Mas tudo depende do tipo de turista que o lugar pretende atrair. Apenas para citar um exemplo: o turismo sexual bem-sucedido exige uma cidade com ampla oferta de prostitutas e com grande número de bordéis. Uma cidade que oferece lixo receberá gente interessada em lixo. Simples assim.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Junk tourism



O Carnaval terminou. Daqui alguns dias a temporada deve ser declarada oficialmente encerrada também -- à parte os navios de passageiros. Eu espero que agora não haja razões ou desculpas para adiar ações e reflexões importantes para o município. Algumas delas:

1) Carros demais. Criar-se-á a taxa ambiental? Será limitado o acesso de veículos a Ilhabela? Ou as duas coisas?

2) Carnaval para quê? Amigo meu me falou de uma cidade no Nordeste em que se resolveu acabar com o carnaval de rua. Resultado: cidade mais limpa e mais organizada, mais turistas "boa praça", maior faturamento para empresas do setor turístico, menos problemas urbanos. É muito difícil imaginar um político macho o suficiente para sugerir um esquema desses aqui em lhabela -- onde sempre reina a súcia --, mas não custa sonhar um pouco e deixar o tema no ar, para quem quiser comentá-lo.

3) Eco-nulidade. O Carnaval é época que não deixa dúvidas sobre uma coisa: a maioria dos turistas que vem pra cá não dá a mínima para praias e cachoeiras. Uma parcela muito grande das pessoas que visitam Ilhabela -- sobretudo em feriados prolongados -- não procura praias limpas, trilhas silenciosas e passeios interessantes. Essa patota quer álcool, som alto e baladas alucinógenas; praias e cachoeiras são um refresco ocasional, remédio para ressaca. Nada contra o "junk tourism", desde que ele permaneça longe daqui. Devemos nos perguntar se interessa ter aqui esse tipo de gente, se vale a pena lucrar com o dinheiro de pessoas que não têm o menor interesse em preservar o restinho de beleza natural que Ilhabela ainda tem. Se a resposta for positiva, prossigamos.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Não vale a pena ver de novo - parte III

Antes de iniciar este post, talvez o internauta queira ver os posts que abriram esta série:
Não vale a pena ver de novo - parte II
Não vale a pena ver de novo - parte I

Por sugestão de uma amiga, resolvi perguntar diretamente à Prefeitura se existem planos de cortar mais árvores na Vila -- boatos à parte. Seguem o e-mail que enviei e a resposta que obtive da Secretaria de Meio Ambiente:

From: Christian Rocha
Date: 23/01/2007 16:31
Subject: carta aberta à Prefeitura Municipal de Ilhabela
To: meioambiente@ilhabela.sp.gov.br, obras@ilhabela.sp.gov.br, prefeito@ilhabela.sp.gov.br, info@ilhabela.sp.gov.br, vice-prefeito@ilhabela.sp.gov.br

Prezado Sr.,

Como arquiteto e urbanista, tenho acompanhado com interesse as ações de
redesenho do centro de Ilhabela. A despeito das boas intenções e da
qualidade dos projetos elaborados para a área, é sempre preocupante quando
essas ações são acompanhadas de cortes de árvores. Sabemos que algumas
vezes estes cortes são necessários, como no caso de árvores antigas que
oferecem riscos a pessoas e imóveis.

Algo bem diferente aconteceu durante as reformas feitas na Praça da
Bandeira, em agosto de 2006. Foram cortadas três grandes árvores --
falsas-seringueiras (ficus elastica) -- que não apresentavam sinais de
podridão e que, portanto, não ofereciam riscos aos usuários daquele
espaço. Apesar disso, os cortes foram feitos.

O fato foi tema de dois artigos meus, publicado em jornais locais. Estes
artigos podem ser lidos nos seguintes links:
http://www.gropius.org/2006/09/10/a-paisagem-em-ruinas/
http://www.gropius.org/2006/09/10/a-paisagem-transformada/

O objetivo desta carta não é me pronunciar sobre algo que já aconteceu e
sobre o qual eu já me pronunciei, mas sobre algo que poderá acontecer.

A Vila ainda possui uma grande falsa-seringueira, localizada na Praça
Coronel Julião, na esquina próxima da rua. Dr. Carvalho. Diante do fato
ocorrido no ano passado, há razões para crer que esta árvore também será
cortada. Ela se encontra em condições muito semelhantes (dimensões, idade,
localização etc.) às das árvores que foram cortadas no ano passado. Todos
os argumentos e critérios usados para explicar e justificar os cortes
daquelas três árvores podem ser usados para apoiar o corte deste exemplar,
embora se trate também de uma árvore saudável e de importância
significativa para a paisagem do centro de Ilhabela.

Diante disso, pergunto:

1) A PREFEITURA VAI CORTAR A FALSA-SERINGUEIRA DA PRAÇA CORONEL JULIÃO?

2) A PREFEITURA PLANEJA O CORTE DE MAIS ÁRVORES NA VILA?

3) CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA PARA ALGUMA DAS DUAS PERGUNTAS
ANTERIORES, QUAIS SERÃO OS CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA OS CORTES?

Sem mais, agradeço a atenção e aguardo resposta.

Atenciosamente,

Christian Rocha
Ilhabela, SP


***

From: "Meio Ambiente de Ilhabela"
To: "Christian Rocha"
Date: Tue, 06 Feb 2007 13:59:44 -0300

Olá Christian, tudo bem?!

Estamos retornando seu e-mail para responder as indagações feitas à respeito das árvores da Vila:

A Prefeitura e o Prefeito não tem interesse em cortar mais nenhuma árvore na Vila, O CONDEPHAAT autorizou a Prefeitura a cortar as árvores que estão ao redor do Prédio da Antiga Cadeia e Fórum, mas no entendimento desta municipalidade os cortes são desnecessários.

Há uns meses caiu parte de um Jacarandá na Praça Coronel Julião e o Prefeito determinou que deveriamos tentar recuperar esta árvore ao invés de
condená-la. Estamos estudando orçamentos para a recuperação desta e de
outras árvores da região.

Como foi apontado, a Prefeitura e o Prefeito tem interesse em recuperar
nossas árvores, autorizando somente o corte de árvores que coloquem em risco a população ou ao patrimônio destes.

Certos de termos respondido suas indagações, nos despedimos, agradecendo a
preocupação pela preservação do meio ambiente de Ilhabela e suas belezas
cênicas.

Um abraço,

RICARDO MARTINS
Diretor de Meio Ambiente

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Estupidez religiosa


Pólvora: a Santa realmente precisa disso?

Hoje é dia de Nossa Senhora d'Ajuda, padroeira de Ilhabela. Prezo as datas religiosas, por razões religiosas, cívicas e culturais. Mas não prezo quem às seis da manhã estoura bombas que se fazem ouvir num raio de três quilômetros. Não bastava a estupidez da temporada de navios, agora isso.

Se o objetivo era lembrar a cidade da data festiva, havia mil e uma maneiras mais inteligentes e civilizadas de fazer a divulgação -- a começar pelo sino da Igreja Matriz.

Maldito seja.

domingo, janeiro 21, 2007

Poluição visual

Porque discrição é tudo.


Bob's - Vila



Hotel Guanumbis - Itaquanduba



Sorveteria Napoli - Saco da Capela


E por último, mas não menos importante:


Pedra da Cruz - Morro da Cruz
Vítima de vandalismo de pixadores

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Pôr-do-sol em Ilhabela

Da janela do meu quarto, em 18 de janeiro de 2007.

  Posted by Picasa

quinta-feira, janeiro 18, 2007

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Problemas no trânsito?



Se você, como quase todo mundo, tem problemas com o trânsito no litoral nesta época do ano, junte-se à campanha que este blog está iniciando:

PEDALE!

Ilhabela tem uma ciclovia -- mal acabada, é verdade, topografia relativamente suave, trânsito suficientemente lento para evitar maiores ameaças a ciclistas). Por que não usá-la? Deixe o trânsito para os estressados.

E se tiver que cobrar algo do poder público, cobre mais e melhores ciclovias. Todos agradecem: a cidade (que terá menos trânsito), as pessoas (que terão melhor saúde) e o meio ambiente (que terá menos barulho e menos poluição).

O urbanista e os dois lugares



A partir de hoje, pretendo adicionar pelo menos um artigo novo por mês a este blog. Aparentemente os jornais de Ilhabela não têm circulado e eu acho que seria adequado publicar aqui o que eu publicaria neles.

Logicamente os demais posts continuarão a ser publicados neste blog, como venho fazendo desde 2005.

Eis o artigo de Janeiro.


O URBANISTA E OS DOIS LUGARES
Christian Rocha
gropius.org

Que tipo de cidade você quer para si? O plano diretor é recheado de boas idéias e de boas intenções. Mas sejamos honestos, são só boas idéias, são só boas intenções. Ainda que ele possa efetivamente evitar algumas birutices -- como a verticalização --, tudo o mais pode ser manipulado, exatamente como costuma acontecer com outras leis. Sempre haverá advogados dispostos a manipular o que diz o Plano Diretor, desde que sejam pagos para isso.

Cria-se então um questionamento que considero fundamental. Se o tipo de cidade que você quer -- para si e para seus netos -- não pode ser determinado por um conjunto de leis especialmente elaboradas para este fim, como fazer com que a cidade cresça e se desenvolva da melhor forma possível? Se não há formas de controlar o desenvolvimento da cidade, como fazer com que esse descontrole proporcione algo bom?

É um pouco assustador imaginar que não há como assegurar a qualidade do descontrole urbano -- e é o descontrole que configura a maioria das cidades brasileiras. O que há são formas de destacar o que há de bom no descontrole. Não se trata de impregnar-se de um otimismo ingênuo, algo que não cai bem num urbanista, trata-se de ter a habilidade de, pelo menos, saber ver e distinguir entre o que é bom e o que é ruim. É claro que a elaboração de critérios para este fim é exatamente o que alimenta o positivismo reformista que guiou o urbanismo nos últimos 200 anos e que originou os planos diretores e toda a aura que há em torno deles. Mas a lembrança de que a maioria desses critérios errou é capaz de evitar lambanças como as que geraram Brasília e tantas favelas. Fazer urbanismo, num país que tem favelas e Brasília, exige três esforços de consciência:

1) Saber que quem formalmente faz urbanismo no Brasil são as últimas pessoas que teriam condições para isso: os políticos. E que quem realmente faz urbanismo é quem normalmente está menos habilitado para essa tarefa: empresários do setor imobiliário e miseráveis.

2) Saber que a elaboração de projetos, de idéias, de planos, de manifestos e de critérios para intervenções urbanas é um exercício de presunção e, pela própria definição, recheado de ingenuidades e inconsistências, de força mal lapidada e de preconceitos -- coisas que fatalmente, no caso de um plano ou projeto específico, dividirão o mundo entre aqueles que gostam dele e aqueles que o abominam. E urbanidade consiste, em essência, na união -- queiramos ou não -- de muitas pessoas num espaço configurado por uma certa homogeneidade estrutural, administrativa, geográfica e cultural.

3) Saber que todo esforço para viabilizar os planos e intervenções urbanas dará em nada, ou que sua realização será classificada pelos próprios autores como algo totalmente oposto àquilo que havia sido elaborado inicialmente, o que atestará a inutilidade das horas perdidas em brain-stroms e prancheta e o valor da literatura sobre a arquitetura e o urbanismo. Ainda hoje é possível fazer arquitetura e urbanismo com o gogó.

Voltemos a Ilhabela.

A cidade foi concluída, como projeto urbano, no momento em que foi estabelecido o Parque Estadual de Ilhabela (PEI). Isso foi em 1977, através de decreto do Governo Estadual. A partir desse momento a Ilha de São Sebastião ficou dividida e a moral dessa divisão diz que a cidade é tudo aquilo que está fora do PEI. Noutras palavras, a cidade se estende até onde lhe foi permitido estender-se. É bom pensar nisso, não para que se busquem novos meios de contornar esse limite, mas para que ele seja respeitado diariamente e para que se saiba quais são os direitos e os deveres de cada "corpo" de que a ilha é composta -- a cidade e o Parque.

Ainda que o holismo esteja aí, tão atual, cidade e Parque são duas unidades estanques. Não queira somá-las sem entender suas respectivas dinâmicas. Depois de entendê-las é bem possível que você não queira juntá-las. Eu não quis.

Cidade e Parque são coisas diferentes. Não há sentido sequer em comparar as respectivas qualidades ambientais, porque uma pessoa jamais moraria dentro do Parque e uma casa de 15 cômodos não é lugar adequado para um tucano ou um lagarto. É natural que se queira preservar os respectivos lugares, porque pessoas, tucanos e lagartos merecem ter seus lugares para viver.

É natural também que se queira preservar não apenas os lugares, mas os mecanismos que os viabilizem. Neste caso, faz sentido defender a idéia de que o Parque existe também para que a cidade exista -- para servir a cidade, abastecê-la com água e ar puro. E é graças a esse servilismo que o Parque garante sua manutenção. Se ele não servisse para nada talvez nada fosse feito por ele quando algumas pessoas decidissem invadi-lo. No entanto, é graças à sua utilidade, graças à importância que ele tem para pessoas que precisam de água e ar puro, que o PEI é um espaço fundamental. E é graças a essas coisas que toda e qualquer invasão de sua área será motivo para preocupação e ação.

Algumas pessoas podem se incomodar com esse servilismo. Mas talvez ele possa resolver alguns problemas de preservação de recursos naturais. Eles sempre servirão para algo, não apenas para o Chefe Seattle escrever uma carta. O problema é que as pessoas não percebem isso, nem quando suas salas são forradas de mogno. Para isso, leis severas e separação. Deixe a cidade aqui e o PEI lá, para o bem de ambos. Talvez um dia tenhamos condição de tirar as cercas que limitam o Parque Estadual de Ilhabela. Por enquanto não.

*
Para saber mais:
Saite oficial
Ilhabela.org
Ilhabela.com.br

Novo endereço

Conforme anunciei no último dia 4, meu site pessoal está em novo endereço.

gropius.org

Visitas, comentários, críticas e sugestões são bem-vindos.

A todos, muito obrigado.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Lixo turístico



No litoral norte, muito trânsito, filas e lixo -- matéria publicada no portal Estadão de hoje.

A foto da matéria mostra uma imagem do lixo acumulado em Ubatuba, mas essa realidade tem poucas nuances ao longo de todo o litoral norte. O caos é geral. O lixo nem sempre é o problema mais visível, mas talvez seja o mais grave, seguido do trânsito, que praticamente congela todos os deslocamentos da cidade.

O que impressiona nisso é a lerdeza das pessoas responsáveis por planejar o turismo local -- sobretudo políticos, mas não apenas eles. Aqui em Ilhabela, fala-se agora aquilo que sempre foi visto e algumas vezes já dito: a cidade não suporta a quantidade de turistas que tem recebido nos últimos anos, os recursos e a estrutura são insuficientes, "Ilhabela vai afundar" etc. etc. etc.

"Nos últimos anos" não significa 3 ou 4 anos, mas algo que se repete desde o início dos anos 80. Nessa época muitos acharam razoável equipar as cidades e depois domar o turismo, que então já era intenso, mas não problemático como hoje. Ocorre que uma cidade equipada atrai mais e mais turistas, mais e mais investidores e muitos acharam razoável aproveitar esse desenvolvimento e equipar ainda mais a cidade, abri-la cada vez mais para gente disposta a investir em hotéis, pousadas, construção civil -- e depois, se sobrasse tempo, o turismo seria domado. E assim chegamos a 2007, seguindo a lógica do "vamos faturar, depois vemos como vai ficar". E ficou assim, exatamente como mostra a foto acima.

O problema é que quem tem o poder e a responsabilidade de domar o turismo sempre acha que a cidade agüenta mais um pouquinho sem regras para o bom funcionamento da atividade. E diz o ditado que nada é tão ruim que não possa piorar.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Problemas

Meu saite pessoal está provisoriamente fora do ar. Deve retornar em breve, em novo endereço e domínio próprio. Avisarei quando estiver tudo pronto.

Agradeço a todos a paciência e a atenção.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Casa nova

Meu saite pessoal mudou de endereço recentemente. Se o Insular é o espaço em que trato de assuntos ilhabelenses, o Gropius é onde trato de todos os outros assuntos -- os não-ilhabelenses.

Quem quiser conhecê-lo, clica aqui:

http://gropius.freehostia.com

Como de costume, comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, aqui ou lá.

A todos, muito obrigado.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Muito barulho por nada

Lanchonete da rede Bob's em Ilhabela é motivo de comoção, gritaria, ranger de dentes. Não que isso tenha se tornado público a ponto de ser preocupante, mas no Orkut já há até campanha de boicote e ameaças de vandalismo.

Sinceramente, é muita veadagem para algo insignificante. As coisas são muito mais simples: não gosta, não compre. Eu, pessoalmente, prefiro o cachorro-quente do Hot, na feirinha da rua São Benedito.

O único fato digno de menção é a respeito dos preços. Bob's é uma rede nacional de lanchonetes junk-food. A qualidade dos produtos, ipso facto, é garantida e idêntica em todas as lojas da rede. Supõe-se que os preços também sejam, certo? Errado. Em Ilhabela, o Bob's pratica preços ilhabelenses, que nesta época do ano são cerca de 50% maiores do que no resto do país.

Na minha opinião, um lugar que ainda estoura fogos de artifício durante quase todo o verão com o propósito de agradar turistas, merece ter junk-food pelo dobro do preço, com o mesmo propósito de agradar turistas. Se vier McDonald's, melhor ainda. "Menas" algumas árvores na Praça Coronel Julião, estará feita a conversão total da Vila em um posto avançado da capital paulista. Os turistas agradecem, os moradores babam o ovo e os políticos contam os dias que faltam para 2008 chegar.

Tarifa diferenciada por que?



Em temporada, o assunto travessia sempre retorna. Mas há uma pergunta que parece até meio estúpida porque até agora ninguém a fez:

Por que a tarifa da balsa é mais cara aos finais-de-semana?

A resposta mais comum é aquela que diz que a tarifa é mais cara aos finais-de-semana porque supõe-se que quem utiliza o serviço nesses dias não tem as mesmas necessidades das pessoas que o utilizam nos dias de semana. Basicamente, essa explicação é de uma estupidez gigantesca, porque sugere que todas as tarifas de transporte público adotem a mesma prática, já que a todas elas essa justificativa poderia ser aplicada. Imagine usar ônibus em São Paulo a R$2,30 nos dias de semana e a R$3,50 nos finais-de-semana -- é mais ou menos essa a proporção entre as duas tarifas da travessia em Ilhabela.

Outra resposta menos comum é aquela que diz que o uso aos finais-de-semana é mais turístico e que turistas, por definição, podem pagar o preço. Esta explicação equivale à anterior, com o agravante de fazer discriminação entre turistas e moradores e, possivelmente, entre turistas endinheirados e pé-rapados.

Independentemente de qual seja a resposta, as que encontrei até agora não podem ser consideradas razoáveis, tampouco suficientes para justificar essa prática imbecil. Fica a pergunta no ar, à espera de resposta.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Os fogos e as andorinhas de Ilhabela



Danilo Giamondo, da ONG AMAILHA nos lembra de um aspecto fundamental na questão dos fogos de artifício:

"Algo mais real de ser discutido... se é que alguém se importa Se o fato abaixo acontece no centro da cidade, imaginem o reflexo na mata...! Como é sabido, anualmente recebemos diversos navios de cruzeiros que trazem turistas e desembarcam no centro de Ilhabela para uma visita a nossa cidade. É certo que a cada parada é cobrada uma taxa de desembarque por passageiros que deveria ser melhor utilizada pela administração pública.

"O fato é que para satisfazer o ego de alguns cegos, o município contrata e ou permite queima de fogos com a finalidade de desejar boa viagem aos turistas que estão nas embarcações. Ninguém percebeu ainda a agressão real que o barulho gerado por essas queimas de fogos normalmente tarde da noite, afugentaram as andorinhas que estavam alojadas para reprodução embaixo do telhado da câmara municipal.

"Para quem desconhece o assunto, as andorinhas são aves migratórias que anualmente migram do Canadá até o nosso litoral para reprodução e voltam ao país de origem para início do novo ciclo migratório. As aves de modo geral necessitam manter os ovos e os filhotes aquecidos durante a noite e período de chuva e frio. Contrariando a ignorância de alguns que alegam que as aves interpretam o barulho da mesma maneira como se fosse trovada, afirmo que as aves pressentem as trovoadas e se adaptam a situação da chuva e não conseguem se prevenir quando um imbecil resolve queimar fogos para dar tchauzinho a turistas. As aves abandonam assustadas seus ninhos e no escuro não conseguem voltar para a proteção dos filhotes e ovos ocasionando a morte dos mesmos.

"É simples, basta observar o ambiente no momento da queima de fogos ao invés de observar a luminosidade colorida gerada. Pratico isso todos os dias quando há navio ancorado no centro de Ilhabela e faço questão de mostrar aos mais jovens que por ali estão, já que é mais fácil educá-los do que contar com o bom senso dos adultos."

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Aberta a temporada de estupidez

Esse fenômeno de estupidez já foi objeto de um post neste blog, no verão passado. Se o fenômeno se repete, repete-se o post -- senão na íntegra, ao menos no conteúdo.

23:45 da noite de domingo, dia 10 de dezembro. Logo depois dos sinais de partida de um dos primeiros navios da temporada 2006-2007 estouram os fogos de artifício da Prefeitura Municipal de Ilhabela. Nesta hora é adequado deixar a formalidade de lado e dizer, com todas as letras, que se trata da coisa mais estúpida que o poder executivo municipal poderia fazer -- e repetir -- em ocasião dos navios de passageiro.

Enquanto o poder público faz um agrado pirotécnico para os passageiros dos navios, as pessoas que vivem na Vila e arredores tentam dormir.

Ficam valendo todas as perguntas e afirmações que fiz antes.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Livros à venda



Estou vendendo alguns livros de minha coleção. Quem tiver interesse em algum título, contate-me pelo e-mail christiandrs@gmail.com


FILOSOFIA

BENOIT, Hector. Sócrates: o nascimento da razão negativa. Moderna. R$10,00

CÍCERO. Saber envelhecer (seguido de A amizade). L&PM Pocket. 1997. (Papel jornal) R$8,00

DURANT, Will. A Filosofia de Nietzsche. Ediouro, Os Grandes Filósofos. R$8,00

EMERSON, Ralph Waldo. Conduta para a vida. Martim Claret, Coleção A Obra-Prima de Cada Autor. 2003. (Novo; coleção de conferências de Emerson) R$8,00

EMERSON, Ralph Waldo. Homens representativos. Ediouro, Clássicos de Bolso. (Breves biografias de homens célebres, escritas pelo genial transcendentalista) R$12,00

NAGEL, Thomas. Uma breve introdução à filosofia. Martins Fontes. 2001. (um dos volumes da mesma coleção que inclui o Pequeno Tratado das Grandes Virtudes) R$12,00

NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Martim Claret, Coleção A Obra-Prima de Cada Autor. 2005. (Novo) R$8,00

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Martim Claret, Coleção A Obra-Prima de Cada Autor. 2001. (Novo) R$8,00

NIETZSCHE, Friedrich. Más allá del bien y del mal. M. Aguilar. 1947. (Em espanhol, um dos volumes das obras completas de Nietzsche publicadas na Argentina nos anos 40) R$25,00

PLATÃO. Apologia de Sócrates. Escala, Coleção Mestres Pensadores. (Novo; papel jornal) R$6,00


ROMANCE

AZEVEDO, Ricardo. Lúcio vira bicho. Companhia das Letras. 1998. (Novo; literatura infanto-juvenil) R$9,00

GIDE, André. Pântanos. Civilização Brasileira. 1972. R$12,00

HESSE, Hermann. Este lado da vida. Civilização Brasileira. 1977. R$15,00

HESSE, Hermann. Gertrud. Civilização Brasileira. 1972. R$10,00

HESSE, Hermann. Knulp. Civilização Brasileira. 1970. (Capa dura) R$15,00

HESSE, Hermann. Pequenas Alegrias. Record. 1977. R$12,00

HESSE, Hermann. Rosshalde. Civilização Brasileira. 1972. R$10,00

HESSE, Hermann. Sobre a guerra e a paz. Record. 1974. R$ 10,00

JABOR, Arnaldo. Eu sei que vou te amar. Círculo do Livro. 1990. (Capa dura; livro com o roteiro do filme homônimo) R$12,00

KEROUAC, Jack. O livro dos sonhos. L&PM Pocket. 1999. (Papel jornal) R$10,00

SARTRE, Jean-Paul. A idade da razão. Difusão Européia do Livro. 1961. (Caindo aos pedaços, mas com o texto integral) R$4,00


ORIENTAIS

ATTAR, Farid Ud-Din. A Conferência dos Pássaros. Cultrix. 1993. R$10,00

HUA, Ellen Kei. Meditações do Kung Fu e sabedoria chinesa proverbial. Ediouro. 1982. (Coletânea de provérbios taoístas e confucionistas) R$6,00

I CHING: mensagens para crescimento pessoal. Caras, Coleção Caras Zen. 2004. (Novo; uma versão enxuta do clássico chinês, ideal para consultas rápidas) R$4,00

MUSASHI, Miyamoto. O livro dos cinco anéis. Madras. 2004. (Novo) R$12,00

YUTANG, Lin. A importância de viver. Círculo do Livro. (Capa dura) R$15,00


COLEÇÃO PRIMEIROS PASSOS

COSTA, Caio Túlio. O que é anarquismo. Brasiliense, Coleção Primeiros Passos. 1985. R$8,00

PEREIRA, Carlos Alberto M. O que é contracultura. Brasiliense, Coleção Primeiros Passos. 1986. R$8,00


NUTRIÇÃO

HOLMES, Charlotte. Os campeões são vegetarianos... e você?. Casa Publicadora Brasileira. 1998. (receitas vegetarianas) R$12,00

KUSHI, Michio. Culinária Macrobiótica: princípios e técnicas. TAO. 1980. (receitas macrobióticas) R$8,00


POLÍTICA

MELLÃO NETO, João. Loreley e a condição humana: a democracia no Brasil e no mundo. Siciliano. 1995. (João Mellão Neto escreve no jornal O Estado de São Paulo e foi eleito recentemente deputado estadual) R$12,00


DICIONÁRIO

Pequeno Dicionário Michaelis Espanhol-Português-Espanhol. Melhoramentos. 1992. (Novo) R$10,00


MANUAL

CALDER, Julian. Manual de Fotografia 35mm. Círculo do Livro. 1982. (Capa dura; mesmo em tempos de fotografia digital, o manual, ricamente ilustrado, é um bom referencial para fotógrafos amadores) R$35,00

PIN, Tien. Feng Shui: o caminho do meio. Nobel. 1999. R$16,00


HUMOR

SARRUMOR, Laert. Mil Piadas do Brasil. Nova Alexandria. 1998. R$16,00


FRASES

COELHO, Paulo. Frases: 106 reflexões dos guerreiros da luz. Ediouro. 1995. (Novo; frases extraídas das obras de Paulo Coelho) R$4,00

A semana

Transporte alternativo-coletivo -- vereador quer liberar-o-geral no transporte alternativo-coletivo de Ilhabela. Cidadãos acham bom, desde que o transporte alternativo-coletivo passe na porta de suas casas -- obóvio. Transporte alternativo levado a sério nesta cidade seria uma ciclovia decente. O resto é populismo. Alguém lá no fundo mandou perguntar: cadê a barquinha?

Lama -- a coisa é bem simples: vão estudar, vão. Não é que o erro não deva ser punido, é apenas que não é você que vai determinar ou executar a pena. E se você não estuda, sua participação vale tanto quanto a participação do mosquito que zune no ouvido de quem escondeu dinheiro sabe-se lá onde. Roubou, desviou, pouco importa se você não consegue ser menos pragmático, menos prático, menos cínico do que aqueles que roubaram "só um pouquinho". Que você esteja certo neste momento, quando defende punição para os culpados, veja bem, é mera coincidência, não o resultado de esforço e estudo. Ademais, em tempos de mega-informação, tudo é circo.

Res publica -- aliás, dinheiro público não é aquele que pertence a todos. Uma das bases do estado de direito é a existência de um poder público que faz o que bem entender com o dinheiro colhido dos cidadãos. Digo isso para aqueles que chegaram a pensar na roubalheira pública como razão para defender o seu, independentemente dos meios, dos princípios e dos fins. Roubalheira política é razão para fazer cabeças rolar, mas nunca vai ser razão suficiente para que o dinheiro que lhe foi confiscado através dos impostos volte para o seu bolso. Se houve a roubalheira, é tarde para reaver o dinheiro, mas nunca para reaver a dignidade política.

Eufemismo -- em tempo, desviar dinheiro é a mesmíssima coisa que roubar dinheiro.

Futuro -- alguém olha para Ilhabela e consegue ter esperanças, de verdade?

Na calçada -- em minha humilde opinião, todo o executivo municipal deveria trabalhar na calçada. Se é verão, um guarda-sol resolve. O vice-prefeito está apenas dando o exemplo e neste particular está coberto de razão.

terça-feira, novembro 28, 2006

Artigo de novembro



Em meu saite pessoal pode-se ler Capitalismo saudável, meu artigo de novembro no Jornal da Ilha.

Não é de bom tom ter rusgas com colegas de jornal, mas devo dizer aqui que este artigo foi escrito como resposta a dois artigos publicados na edição de outubro do JI. Os autores -- cujos nomes não é necessário citar neste blogue -- repetiram um dos velhos jargões da esquerda: o capitalismo é responsável pelos males do mundo. Esta idéia oferece uma única conclusão: se o capitalismo é o próprio tinhoso na Terra, é necessário expurgá-lo. E ao expurgá-lo sobra seu antagonista, socialismo ou comunismo, como o queiram chamar.

Se a defesa aberta de ideologias sanguinárias pode ser malvista, come-se pelas bordas, isto é, eliminam-se seus antagonistas. Pode-se vencer usando as próprias qualidades ou eliminando os opositores. No Brasil, é fácil perceber qual a estratégia que as esquerdas preferem. 

E o que isso tem a ver com Ilhabela? Tudo. Se a idéia da vilania do capitalismo foi novamente impressa nas páginas de um jornal local, tem-se a certeza de que ela também circula entre as gentes -- não sem danificar algumas mentes.

*
Aliás, em tempos de CPI, fica ainda mais clara uma das idéias que costumo defender: não são os sistemas que causam pobreza e violência, mas sim as pessoas, o desvio moral, a ausência de caráter. No mesmo ambiente capitalista há ladrões incuráveis e trabalhadores honestos. O que os diferencia?

domingo, novembro 12, 2006

Não vale a pena ver de novo - parte II



É claro que uma informação não-oficial estava sujeita aos riscos de não vingar e ser tachada de boataria fácil e danosa. Tal era a essência do post Não vale a pena ver de novo

A grita geral nos fora internáuticos contra minha iniciativa ignora uma pergunta importante: e se de fato a Prefeitura pretendesse cortar mais uma árvore na Vila?

Aparentemente a intenção existiu. E qualquer empreendedor que olhe para a falsa-seringueira sobrevivente na Praça Coronel Julião decerto pensará nas inúmeras possibilidades de fazer algo com o espaço que surgiria com o corte daquela árvore. Digo isso porque eu, que não sou exatamente um leigo, pensaria em possibilidades desse tipo, se acaso me fosse dada a ingrata tarefa e se fosse do tipo que anda para árvores exóticas só porque são exóticas. Sei que há muita gente assim em Ilhabela.

*
A propósito, comentários anônimos não serão sumariamente apagados -- não obstante a obrigação moral que eu teria de fazer isso --, mas provavelmente serão ignorados. Eu me disponho a comentar e discutir todos os comentários, desde que os comentaristas se disponham a comentar em pé de igualdade comigo, isto é, dando nome e um e-mail válido exatamente como faço neste blog. Se não são capazes de fazer isto, é realmente melhor que continuem se escondendo. Quando alguém diz que apóia a atual administração municipal, sai em sua defesa e não é capaz de se identificar, já disse o essencial. 

Esgoto



Deu no Estadão de hoje:
Litoral norte só trata 28% do esgoto

Situação é pior em cidades que estão entre as que mais crescem no Estado, como São Sebastião e Ilhabela.

O problema já foi objeto de dois posts neste blog. Para quem crê que é apenas uma questão de saneamento básico, devo lembrar que não é. Em Ilhabela, a falta de saneamento básico e de uma rede de esgoto e tratamento decentes significam três coisas: 1) esgoto clandestino circulando pela cidade; 2) esse esgoto chegará às praias na primeira chuva que vier; 3) praias poluídas não afetam somente a saúde de turistas e habitantes, afetam também a economia da cidade. 

Cidades maiores do litoral paulista já perceberam a equação que diz mais esgoto sem tratamento = menos turistas = menos dinheiro,  e se esforçam para resolver esse problema. Ilhabela e São Sebastião, por uma série de razões que não pretendo discutir agora, parecem estar na contramão desse processo, apostando talvez na exuberância natural que continua a atrair turistas.

Na dúvida, evito nadar nas praias daqui até que os boletins da Cetesb demonstrem que algo está mudando -- para melhor. 

segunda-feira, novembro 06, 2006

Prefeitura de Ilhabela apura fraude em folha de pagamento

Via VNews:
A Prefeitura de Ilhabela está investigando o desvio de verba pública no município. A fraude foi encontrada na folha de pagamento da prefeitura. A comissão que investiga o caso é formada pelos Secretários de Finanças, Administração e Assuntos Jurídicos e o Depatarmento de Recursos Humanos da prefeitura.

Segundo a comissão, eram emitidas duas folhas de pagamento por mês. Uma delas continha o salário real dos funcionários. A outra ia para os bancos com valores a mais, que eram depositados nas contas. Em alguns casos esses valores chegavam a ser maiores que os salários. Um dos funcionários, por exemplo, deveria receber em agosto, R$ 1.634, mas foram depositados R$3.400. Outro chegou a receber dois pagamentos em um único mês.

Quando a investigação começou, em agosto, todas as gratificações foram cortadas. A folha de pagamento de setembro teve uma redução de R$ 64 mil.

Uma funcionária, que emitia a folha pagamento, foi afastada do cargo até que o fim da sindicância seja concluída. De acordo com o marido, ela viajou e vai passar esses dias fora e não quer comentar o assunto.

O vice-prefeito disse que espera ver o caso esclarecido.

Segundo o secretário de Assuntos Jurídicos de Ilhabela, os funcionários que receberam mais que o valor devido, terão que devolver o dinheiro para a prefeitura.

terça-feira, outubro 31, 2006

Três cidades contra a verticalização

"(...) Com apenas 25 mil habitantes, Ilhabela possui a legislação mais restritiva da região. O Plano Diretor, já aprovado pela Câmara e sancionado pelo prefeito Manoel Marcos Ferreira (PTB), manteve o limite de 8 metros de altura para todas as construções da cidade, mas a partir de 10 de janeiro, quando a lei entra em vigor, a medição será feita a partir do traçado natural do terreno. Na prática, impede-se que uma casa tenha mais de 8 metros em razão dos pilares de sustentação construídos em locais acidentados, uma prática muito comum na cidade. Os chamados pilotis passam a fazer parte do cálculo do gabarito e não podem ser maiores que 3,5 metros. 'Havia desrespeito ao limite previsto por causa dos pilotis. Agora todas as construções serão padronizadas', afirmou o prefeito. Ferreira se diz 'totalmente contrário à verticalização do litoral norte'. Segundo a secretária municipal de Meio Ambiente, Maria Inez Fazzini, Ilhabela não tem condições de suportar um processo de adensamento populacional. 'Temos só 6% de esgoto tratado e 85% da nossa área está dentro do Parque Estadual de Ilhabela. Não há como crescer.' (...)"

A íntegra da matéria pode ser lida no Estadão de hoje.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Estude

Aqui, meu artigo no Jornal da Ilha deste mês. 

segunda-feira, outubro 16, 2006

Política insular

O artigo abaixo deveria ter sido publicado no Jornal da Ilha deste mês. Poucos dias antes do deadline fui avisado de que o prefeito e o vice-prefeito se entenderam e a sala do vice-prefeito foi reativada, o que invalidava um terço do que eu havia escrito. De minha parte, fico satisfeito que isso tenha acontecido, não obstante a necessidade de mudar o que escrevi -- quem ler o Jornal da Ilha deste mês verá que escrevi um artigo completamente diferente, que não diz respeito aos fatos mencionados aqui -- e não obstante o fato de que esse entendimento não modifica o mal-estar que aconteceu, cujas seqüelas serão melhor percebidas na próxima eleição municipal.

Além disso, é sempre curioso perceber como a política é o território da inconstância. Não há estudo, não há reflexão, há apenas a reação circunstancial, cujas bases incluem tirar o melhor proveito pessoal possível de cada situação. Nada além disso. Interesses públicos? Somente aqueles que se transformarem em votos mais tarde.

É bom que a maioria dos candidatos do litoral norte paulista tenha sido recusada nas últimas eleições. Eles mereceram.

Eis o artigo que não houve.


Política insular


A política local não vale o esforço de criticá-la. Repito isso a mim mesmo diversas vezes por dia na esperança de abandonar o assunto, mas não consigo. As eleições deste ano mostraram a importância de cumprir a promessa e me preocupar com coisas mais importantes, como a manutenção da minha bicicleta e o desempenho da Lusa na segundona, mas tive que reavaliar minha decisão quando lembrei que parte do meu
dinheiro vai parar no bolso de pessoas em quem eu não votei e que essas pessoas conseguem ser menos inteligentes do que eu. É dor demais para quem não acredita em democracia.

Alguns fatos merecem reflexão e podem servir de alerta prematuro ao que virá nas próximas eleições municipais. Ficarei feliz se as próximas linhas servirem de matéria-prima para que algo de bom aconteça na política local. Vejamos:

1) Pode parecer banal, mas a desavença entre prefeito e vice-prefeito revela o descaso pelos assuntos públicos. A sala do vice-prefeito está vazia e trancada. Não sei de quem é a culpa, mas a desunião de duas importantes figuras do executivo municipal deixa claro que os interesses pessoais foram colocados acima dos interesses públicos. Eu entenderia uma sala vazia se se tratasse de uma união conjugal, mas não a entendo no caso de uma união política, que é sempre explicada pelo interesse comum de trabalhar pela sociedade e de beneficiá-la e que, quando termina, raramente encontra explicação.

2) A deformação da Praça da Bandeira, assunto de que tratei em meu artigo anterior neste Jornal da Ilha, foi uma decisão política. Uma decisão política é aquela que só é comunicada aos cidadãos quando já é tarde demais, geralmente nas páginas do mirrado Diário Oficial,
veículo tão popular quanto um jornal de mural de escola. A decisão de derrubar três grandes árvores demonstrou que os políticos de Ilhabela não dão a devida importância à opinião popular, não sabem o que é paisagem ou não consideram a Praça da Bandeira um lugar importante. Eu aposto nas três hipóteses.

3) Vereadores, que costumam se eleger com o argumento de serem a
sua voz na Câmara Municipal, não se pronunciaram sobre os dois assuntos acima mencionados – entre tantos outros assuntos fundamentais para Ilhabela. A reforma na Praça da Bandeira foi ignorada pelos vereadores. Por que?

4) A despeito da qualidade do Plano Diretor, aprovado recentemente, a maioria dos vereadores não tinha conhecimento prévio do que iria aprovar. Embora o Plano Diretor tivesse sido elaborado por profissionais competentes, alguns dos responsáveis por sua aprovação não o conheciam, não se dispuseram a estudá-lo e, por isso, não tiveram condições sequer de compreender algumas propostas e conceitos contidos nele.

Alguns poderiam dizer, à maneira de Stanislaw Ponte Preta, que de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo. Num país em que o governo federal é exemplar na roubalheira, soa ingênuo cobrar algo de alguns políticos, como se eles pudessem fazer algo além de apertar botões (sim/não), assinar papéis e, em ano eleitoral, gastar o que não
têm.

Políticos são responsáveis pelos interesses públicos. Se me deparo com um político que conhece o Plano Diretor menos do que eu, que preza a Praça da Bandeira menos do que eu, que não se escandaliza e que silencia diante da divisão dentro do poder executivo municipal, então sou obrigado a concluir que algo está errado, sobretudo porque todo político é pago para conhecer detalhadamente as leis do município, para zelar pela memória e pela paisagem do município e para se preocupar com a instabilidade nas instituições públicas.

Não me importa quem são as pessoas. Algumas delas conheço pessoalmente e prezo-as como a todo cidadão que trabalha para que Ilhabela seja um lugar bom também para seus bisnetos. O que me importa é que essas pessoas cumpram suas obrigações, cumpram aquilo que seus títulos pressupõem. Uma sala vazia numa prefeitura significa desperdício de
dinheiro público. A indiferença diante da destruição da paisagem e da memória ilhabelenses significa descaso com a memória de cada cidadão.

A essas pessoas seria excelente um dia de estudo por semana para ler alguns livros da Biblioteca Municipal – por exemplo,
Política, de Aristóteles, e Tratado da Correção do Intelecto, de Spinoza. A cidade ganha mais quando um incompetente fica em casa estudando. Acho que foi o diplomata Meira Penna que disse "quando Brasília dorme, o Brasil cresce"; às vezes temo que algo parecido valha para Ilhabela.

Quem não sabe ser melhor do que seus eleitores no trato dos bens e interesses públicos, quem não consegue cumprir as obrigações morais de um cargo político, tem de ser humilde para reconhecer tais coisas e dedicado para estudar e para se aperfeiçoar como cidadão.

terça-feira, outubro 03, 2006

Não vale a pena ver de novo


Eu já vi esse filme. Não quero ver de novo.

A informação não é oficial, mas veio de fonte segura.

Como parte das obras de reforma da Vila, a Prefeitura, através de sua Secretaria de Obras, planeja modificar também a Praça Coronel Julião, situada na entrada da Vila, diante do Fórum, restaurado recentemente.

Entre as modificações previstas estão a construção de uma concha acústica, conforme vocação desenvolvida nos últimos anos nesse lugar, e o corte da falsa seringueira situada numa das esquinas da praça (perto do Bradesco e do Bar Tamandaré).

A Prefeitura já cometeu um erro grave ao cortar três árvores dessa espécie na Praça da Bandeira. Pretende repetir o erro, desta vez na Praça Coronel Julião. Valem aqui todos os argumentos que apresentei neste blog sobre o corte dessas árvores, bem como os dois artigos que escrevi e publiquei nos jornais da cidade (este e este).

Errar é humano. Persistir no erro é burrice. Vindo do poder público, que tem a obrigação moral e legal de acertar (e é bem pago para isso), seria uma burrice imperdoável.

Sinceramente, eu gostaria que isso fosse apenas boato. Ficarei feliz se a Prefeitura vier a público para desmentir este post -- para isso a área de comentários deste blog está à disposição, bem como o meu e-mail. Senão, algo precisa ser feito.

domingo, outubro 01, 2006

Eleições 2006

Este ano, como no ano passado, trabalhei como mesário na Escola Mércia-não-sei-das-quantas, no Saco da Capela. A julgar pelos números de minha seção, nos livraremos do Guia Genial em breve. Seu principal antagonista, Geraldo Alckmin, levou 137 votos, contra 37 do atual ditador. No senado as perspectivas também foram boas, Afif com 125 votos, Suplicy com 20. Em compensação, entre os candidatos à Câmara, Maluf esteve entre os mais votados. Para a Assembléia Legislativa, o mais votado foi o candidato local, Collucci.

Mas minha seção tinha apenas 225 eleitores. E o PT nem tem representação em Ilhabela (felizmente), o que explica o fracasso do Leviatã aqui em além-mar. No continente as coisas são bem diferentes. Mas eu espero que tenhamos um 2º turno, mesmo que isso signifique trabalhar de graça para o Estado mais uma vez.

terça-feira, setembro 19, 2006

Enquete



Criei uma enquete em meu saite pessoal. Asseguro a todos que o assunto em pauta tem muito a ver com Ilhabela. A pergunta que proponho é:

Você acha justo pagar para trabalhar?

Claro que a pergunta é um pouco complexa e tem diversas implicações e desdobramentos. Explico alguns no post que deu origem à enquete. Dêem uma olhada e deixem seus comentários por lá.

A todos, muito obrigado.


terça-feira, setembro 12, 2006

Três assuntos



Plano Diretor


Ao longo deste mês de setembro têm ocorrido reuniões na Câmara Municipal para discussão e, ao fim e ao cabo, aprovação do Plano Diretor. Fui à primeira, não irei às demais. Primeiro porque conheço pouco o Plano Diretor (que pode ser lido aqui).

Segundo porque sinto que serei mais útil estudando as leis municipais detalhadamente (não apenas o Plano Diretor), o que, além de tudo, é uma de minhas obrigações acadêmicas.

Terceiro por causa de uma idiossincrasia do poder público: os vereadores responsáveis pela aprovação do Plano Diretor simplesmente não o conhecem, não o leram, pouco sabem do que se trata. Assim, as reuniões são uma forma de apresentar o Plano aos edis, que invariavelmente são interrompidas com dúvidas elementares. A cada interrupção da apresentação do Plano fica clara a incapacidade de compreensão de alguns dos nossos representantes. E isso, amigo leitor, me dá gastura, muita gastura.

Postei estas linhas no Orkut, vale a pena repeti-las aqui:
Do texto que já foi composto, aparentemente pouca coisa deve mudar com as reuniões. Há alguns pontos polêmicos, como os que estabelecem a criação da "taxa ambiental" (objeto de um outro tópico nesta comunidade) e a criação de sub-centros nas regiões sul e norte, mas no geral o plano é bom -- à parte a pouca capacidade de compreensão de texto por parte de alguns políticos.

É interessante lembrar também que a maior parte das diretrizes propostas com o Plano Diretor já está prevista em outras leis, algumas de âmbito federal e/ou estadual. É o caso da Lei 7.661/88 (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro), uma das bases para muitas diretrizes propostas pelo Plano Diretor.

Leis municipais nunca podem ser menos restritivas do que as leis estaduais e federais. O Plano Diretor de Ilhabela, assim, reforça o que determinam aquelas leis e criam novas diretrizes, orientações e restrições, conforme as particularidades do arquipélago.

Reforma na Vila


Lamentável, lamentável, lamentável. O feriado mostrou a que a reforma veio. Primeiro, a fachada principal da Praça da Bandeira foi tomada pelos carros e não há nada que convide a apostar em mudanças. Segundo, a criação de vagas para carros faz toda diferença do mundo, já que uma zona azul está nos planos da Prefeitura desde o começo deste ano, pelo menos. Terceiro, se a urbanização proposta para a segunda fase da Praça da Bandeira for semelhante à primeira, à Praça da Mangueira ou à Praça do Pequeá (a.k.a. Praça de Eventos Prefeito Roberto Fazzini), estamos f..., digo, perdidos -- como se perder três árvores monumentais não fosse ruína suficiente.

Como disse em meu artigo, de pouco adianta chorar pelo leite derramado. Adianta ficar atento e estudar o assunto que causa comoção e desconforto. A mim, a lambança na Praça da Bandeira serviu como um aviso (mais um...) a respeito do tipo de gente que conduz o município. Como arquiteto e como pesquisador da área de paisagismo sinto-me envergonhado de ver a paisagem da cidade em que vivo arruinada por causa da vaidade de dois ou três políticos.

O mais curioso é observar a grande falsa-seringueira da Praça Coronel Julião (talvez o último grande exemplar dessa espécie na Vila). Será ela a próxima vítima?

Turistas e a malfadada taxa ambiental

Millôr disse, com muita razão, que o turista é o câncer do meio ambiente. Em que pesem a vocação do município e a reafirmação dessa vocação inclusive no Plano Diretor, o feriado de 7 de setembro não deixou dúvidas sobre isso.

A taxa ambiental, que visa inibir o acesso de turistas motorizados a Ilhabela, parece boa para muitas pessoas, inclusive as mais sensatas. Não consigo deixar de pensar em algo que escrevi em 14 de fevereiro deste ano:
Políticos deviam se envergonhar de criar novos impostos. Não apenas porque eles oneram o já sofrido contribuinte, mas porque demonstram a incapacidade dos políticos para resolver os problemas da sociedade sem recorrer à solução fácil e definitiva: meter a mão no bolso alheio.

Não que seja necessário baratear o turismo em Ilhabela -- embora na minha opinião seja, sim. Basta ter um pouco de criatividade. Se o objetivo da taxa ambiental é inibir a entrada de veículos no município, ela já nasceu morta: o alto custo de uma taxa não garante que pessoas evitarão o lugar para evitá-la, garante apenas que pessoas mais ricas acessarão o lugar. Em vez de um congestionamento com Escorts e Unos, teremos um congestionamento com Mercedes e BMWs. E os motoristas não mudarão substancialmente.

O problema do turismo em Ilhabela está vinculado a um tipo específico de turista, como já se discutiu exaustivamente, inclusive no Orkut. Este tipo de turista não é o turista classe A, B, C ou D, mas o turista mal-educado, que existe em qualquer classe. O tipo e o custo do turismo praticado por aqui já fazem as vezes de filtro social. Em vez disso é necessário um filtro moral, que barre a entrada de indivíduos estúpidos no município. Isso nenhuma taxa é capaz de fazer.

domingo, setembro 10, 2006

Artigos de setembro



Em meu saite pessoal, meus dois artigos de Setembro nos jornais de Ilhabela:

A paisagem transformada, no Jornal da Ilha

A paisagem em ruínas, no Jornal do Arquipélago