segunda-feira, setembro 01, 2008

Semáforo em Ilhabela?

Alguém sabe me dizer o que é ou o que será isto? Um futuro semáforo?

semáforo ilhabela

Este é o cruzamento da avenida principal (av. Pedro de Paula Moraes) com a rua Ubatuba, no bairro do Saco da Capela, em foto do dia 31 de agosto de 2008. Há um poste idêntico a este na Vila, na esquina do antigo Bazar São Paulo (junto à Igreja Matriz e à praça Coronel Julião).

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UPDATE (3/9/2008): Os postes na verdade serão pontos para câmeras de vigilância como as que existem em São Sebastião. Hoje pude observar alto-falantes instalados nesses postes. Já era hora de Ilhabela ter uma estrutura de vigilância desse tipo.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Carro de som para prefeito

Meu artigo da quinzena ainda não foi publicado no jornal Canal Aberto, mas em breve será, acredito. A quem costuma visitar este Insular, ei-lo em primeira mão: Carro de som para prefeito. Um trecho:

Os quatro candidatos à Prefeitura já ocuparam cargos públicos no município e podem (devem) ser avaliados com base no que fizeram quando estavam lá. Eles esperam também ser eleitos com base no que pretendem fazer no futuro. Mas parece adequado considerar o que eles fazem hoje. Não me refiro aos sorrisos, aos apertos de mão e aos discursos diplomáticos. Refiro-me às ações. Hoje a atuação deles resume-se à candidatura, como se isto excluísse sua condição de cidadãos exemplares. Ilhabela precisa mais de exemplos do que de candidaturas, mais de cidadãos do que de candidatos, mais de ação do que de discurso, buzinaço e panfletagem.

sábado, agosto 09, 2008

Em breve

Estou viajando por uns dias, cumprindo diversas obrigações. Entre as mais burocráticas (porém necessárias), relatório de bolsa da pós-graduação e banca de qualificação.

Em breve retornarei e postarei algo além de avisos de que ficarei sem postar nos próximos dias.

Naturalmente, tenho algumas idéias anotadas no caderno, algumas (poucas) novidades e outras coisas a compartilhar.

A todos que continuam visitando este insular, muito obrigado.

quarta-feira, julho 23, 2008

Eleições 2008

Foram definidos os candidatos a prefeito nas eleições deste ano em Ilhabela. Em parênteses, os respectivos candidatos a vice-prefeito. A ordem dos nomes é aleatória.

- Luiz Lobo (Zé Brandão)
- Simões (Nenê Guarubela)
- Joadir (Ricardo Fazzini)
- Colucci (Nuno Gallo)

Aproveite para participar da enquete aí ao lado: em quem você pretende votar?

sexta-feira, julho 11, 2008

Ilhabela tem cultura (pelo menos por enquanto)

Nada, absolutamente nada contra eventos patrocinados por gente de fora e que só ocorrem em função de eventos maiores, de projeção regional ou nacional. A programação da Semana de Vela este ano está excelente. O show de ontem, com Ulisses Rocha, foi excelente. O cinema na Praça da Bandeira foi uma idéia genial. Etc. etc. etc.

O único porém não se refere a essa iniciativa -- louvável e elogiável -- mas ao contraste entre o que é agora e o que será depois, entre o que acontece pela força da iniciativa externa e o que não se faz por fraqueza interna.

Já faz tempo que Ilhabela carece de atividades culturais consistentes. Que os eventos patrocinados pela Vejinha inspirem poder público e iniciativa privada daqui a fazer mais por este lugar, independentemente de datas e estações. E, principalmente, que isto não inclua os foguetórios da temporada de navios.

domingo, junho 29, 2008

Coligações e outras sujeiras

Meu artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

Nenhum político quer encontrar a Verdade e tornar-se politicamente nulo. Os objetivos são bem outros e eles serão levados a cabo, mesmo que em detrimento de interesses públicos que ultrapassam com folga uma simples carreira política. Para essas pessoas, nomes, legendas e coligações valem muito mais do que Ilhabela.

sexta-feira, junho 27, 2008

O futuro de Ilhabela

Por favor, reflita sobre as seguintes frases por alguns instantes antes de ver as imagens a seguir. É fundamental que a leitura e a reflexão antecedam a observação. Se quiser, sinta-se à vontade para retornar a estas frases depois de ver as fotos.

Se queres prever o futuro, estuda o passado.
Confúcio

O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.
Gandhi

Somos o que fazemos constantemente. Portanto a excelência não é um ato, mas um hábito.
Aristóteles

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Brasil, séc. XXI:

























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Algumas palavras sobre as imagens acima:

Estas imagens foram colhidas quase aleatoriamente, pinçadas aqui e ali de sites que tratam de problemas urbanos diversos, tais como violência urbana, poluição, trânsito etc. Não são exclusivos da capital paulista, embora todos esses problemas possam ser observados nessa cidade.

Quis reuni-las neste post não para causar mal-estar a pessoas mais acostumadas às coisas boas de Ilhabela, mas para alertá-las de duas coisas:

1) Ilhabela já possui todos os problemas mostrados nessas fotos -- certamente em menor grau, mas os possui, todos, sem exceção. Mantidas as dinâmicas urbanas atuais, é questão de tempo até que Ilhabela encontre condições de figurar nesta lista de horrores.

2) Os maus exemplos estão dados. Como sugere a frase de Confúcio, não é difícil perceber aonde chegaremos com as ações que fizemos e que temos feito. Resta perguntar se queremos chegar ao mesmo ponto em que se encontra a capital paulista, por exemplo. Resta perguntar, afinal, o que queremos.

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Clicando na imagem você vê o site em que ela foi obtida.

quarta-feira, junho 11, 2008

Faz diferença?

Olhe bem estas fotos:











(Clica nas imagens para ver as versões originais e saber mais sobre os respectivos autores. Recomendo.)

Olhou bem? Então responda: faz diferença? A paisagem de Ilhabela é exuberante, mas de que forma ela participa da sua vida? Ou não participa?

Para quem apenas passa uns dias por aqui, não há nada errado em manter essas paisagens na memória e nos álbuns de

fotos. Para quem vive aqui, é estranho que toda ess beleza funcione apenas -- no máximo -- como cenário para deslocamentos e demais atividades. É estranho que se viva aqui exatamente como se viveria em qualquer outro lugar -- como se essas paisagens não existissem, como se elas não fossem espetaculares, como se, afinal, a cidade e as paisagens e o seu dia-a-dia não fossem uma única e mesma coisa.

Então, se você vive em Ilhabela, olhe novamente as fotos acima e me responda: elas fazem alguma diferença? É importante para você viver num lugar bonito ao ponto de emocionar? Ou você já nem nota isso?

sábado, maio 31, 2008

Malditos sejam os ignorantes

rodin ignorancia

O artigo a seguir tem o mesmo espírito deste post. Trata-se, no entanto, de um versão mais enxuta e mais palatável, para aqueles que não gostam de longas histórias lamuriosas. Embora não fale especificamente de Ilhabela, todas as idéias presentes no artigo foram formadas com base em histórias vividas neste lugar.

Leia lá, em meu site pessoal: Malditos sejam os ignorantes.

E a Vila?

vila ilhabela

Post encontrado no blog do Guia 4 Rodas. Vale a pena ler até o fim, inclusive para pensar nas transformações pelas quais a Vila tem passado recentemente. Seria excelente se elas estimulassem um retorno àquela condição pacata anterior à eclosão do turismo dos anos 80 e que os moradores voltassem à Vila.

Para isso, um bom começo seria organizar o receptivo dos navios (que hoje é um caos de jipes, vans e stands feiosos), acabar com os foguetórios e disciplinar os eventos que acontecem na Vila.

Dona Mariquinha não nasceu em Ilhabela, mas mora na rua Dr. Carvalho há mais de 50 anos. Sua casa é uma das poucas da Vila, o centrinho da cidade, que preserva a fachada original, com batentes azuis e porta que abre direto na rua. Ela, no alto de seus quase 80 anos, faz parte de uma das oito famílias que resistem à comercialização do lugar. “Antes, todo mundo ficava sentado na rua, em frente ao mar. Não tinha estacionamento, não tinha tanto carro nem essas lojas todas”, lembra. “Tenho fé que as coisas vão mudar. Antes, a rua do Meio vivia cheia de gente até de madrugada por causa dos bares. Agora, isso acabou”, diz, com razão. A rua São Benedito, conhecida como rua do Meio, e a própria Vila não são mais as mesmas.

As agências bancárias que se concentravam ali foram para o novo centro comercial, no Perequê. Os bares, que tanto movimentavam o centrinho, fecharam as portas e os poucos que ainda resistem, em frente à praça Coronel Julião, não atraem mais muita gente – e, dizem os boatos, acabam de ser comprados por uma gigante imobiliária, que pretende fechar parte do quarteirão (perguntei, mas ninguém confirmou – ou desmentiu – essa história). Os jardins próximos ao píer se transformaram em vagas para o tal do estacionamento rotativo, que acaba de ser implantado na ilha. As fachadas das casas, que eram como de Dona Mariquinha, algo similar a Parati, hoje lembram mais shoppings, com suas grandes (e bem caras) vitrines. E até a centenária (e histórica) canoa exposta no meio da praça perdeu o sentido. Ali, bem em frente a ela, a prefeitura montou um feioso quiosque de dúvidas sobre o estacionamento rotativo que, ou está vazio, ou cheio de gente que não se importa muito em dar informações.

Dá uma certa pena conversar com Dona Mariquinha, tão saudosa. O curioso é que fui atrás dela justamente porque ninguém sabia me contar direito a história do local. Se você se interessa pelo assunto, bata na porta dela, vizinha ao Ponto das Letras. Ou dê uma passadinha na Padaria Dona Cristina, que fica na esquina da Dr. Carvalho com a Santa Tereza, onde há fotos da Vila de antigamente. Na rua da Padroeira, seu Chiquinho, o dono da Drogaria Nova Esperança (que era só Esperança quando foi construída, na década de 20) tem algumas lembranças. No Centro de Integração Ambiental, que funciona no prédio da antiga cadeia, há uma exposição que tenta mostrar o passado e a cultura da cidade por meio de fotos e de algumas maquetes. Lá, procure o Joãozinho. Ele e qualquer outro antigo caiçara vão ficar felicíssimos em saber que alguém está interessado na história de Ilhabela.


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Imagem obtida aqui.

quinta-feira, maio 29, 2008

URGENTE

Continuo com dois cachorrinhos para adoção. Eles foram recolhidos da rua, na Vila, atrás da EEPSG Gabriel Ribeiro dos Santos.

Infelizmente não tenho condições de ficar com eles, pois já tenho três cachorros em casa. Quem puder ficar com eles ou souber quem pode ficar, por favor entre em contato comigo o mais rápido possível.

A todos, muito obrigado.

terça-feira, maio 27, 2008

Viveiro Municipal Aroeira

muda árvore

A quem tiver interesse (eu espero que muitos se interessem), a Prefeitura de Ilhabela continua o bom trabalho desenvolvido no Viveiro Municipal Aroeira e oferece mudas de espécies vegetais nativas em troca de alimento não-perecível.

O Viveiro Aroeira fica junto à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, nos arredores da Cachoeira da Água Branca. Para saber mais:

Secretaria Municipal do Meio Ambiente: (12) 3896 3832
Viveiro Municipal (nem sempre tem gente lá pra atender telefone): (12) 3896 4112

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Original da imagem aqui.

domingo, maio 11, 2008

Mapa de Ilhabela

mapa ilhabela

Para baixar versões em alta resolução desta imagem:
-- Imagem JPG 1024x768
-- Imagem JPG de alta resolução (6,24MB)
-- Arquivo PDF (5,08MB)
-- Arquivo DWG original (para AutoCAD; 10,03MB)

quinta-feira, maio 08, 2008

Mensagem para você

ciclovia ilhabela
Ciclovia: lugar ideal para caminhar num dia de sol

Eu decidi que a partir de hoje vou tornar as coisas pessoais. Certos eventos só me interessarão na medida em que se manifestem diretamente a mim, na medida em que eu possa presenciá-los e me posicionar em relação a eles. Nada de tratar genericamente dos problemas desta cidade. Nada de me dirigir a pessoas que jamais se interessarão por aquilo que e escrevo. Nada de falar de temas universais, apelando para o bom senso metafísico que a maioria das pessoas têm. A atitude mais correta num mundo acostumado às banalidades do anonimato, das multidões e da impessoalidade é buscar pessoalidade e substância em tudo.

Este artigo, portanto, é para você, turista sem nome que encontrei na balsa, numa travessia recente. Você estava se apoiando numa latinha de cerveja que, depois de entornar a última gota do líquido amarelo, foi lançada ao mar. Eu pude ver que sua vida estava naquela latinha naquele momento e teria sido ótimo ver você voando como peso morto para o fundo do mar, junto com ela. Eu tentei dizer a você, turista sem nome, algo sobre a gravidade do seu ato e tudo que você foi capaz de responder foi «da próxima vez eu chamo você pra recolher minha latinha», como se falta de educação pudesse tornar seu ato risível.

Se eu pudesse dedicar-lhe algumas palavras, elas seriam: caia fora, vá jogar latinhas no chão da sua sala, Ilhabela não quer você. Porcaria, falta de educação e boçalidade têm limites. Mas você, turista sem nome, não merece conselhos. Merece apenas manter-se longe deste arquipélago. Não adianta falar com você, como não adiantou quando você fez o que fez.

Este artigo também é para aquela família adorável que caminhava faceira na ciclovia. Você, mulher, conduzia uma senhora idosa na ciclovia, a despeito dos riscos a que vocês se expunham fazendo isso. Eu, como ciclista, preocupei-me em não atropelar as duas infratoras; ainda me preocupei em parar minha viagem e orientá-las e alertá-las para o risco de um atropelamento. Você, mulher, rosnou para mim e disse que o erro era meu e que eu devia cuidar da minha vida. Você tinha razão e até seria divertido ver você lidando com o tipo de ciclista que costuma freqüentar a ciclovia -- alguns portam peixeiras, facões e pedalam numa roda só. Mande lembranças àquele seu filho ou sobrinho que queria me parabenizar pela minha atitude e torça para que ele não seja atropelado enquanto demoniza quem tenta alertar para os riscos a que sua avozinha está exposta ao caminhar numa ciclovia.

Se eu pudesse dizer algo a você sem ser interrompido por latidos, eu pediria que você e sua família se mantivessem longe desta cidade. Sugeriria também que você e sua família caminhassem na avenida principal, de preferência às 6 da tarde de qualquer dia de semana. Se vocês são capazes de hostilizar ciclistas, talvez encontrem ainda mais diversão xingando caminhoneiros e motoqueiros enquanto disputa espaço com betoneiras, picapes e motos.

Este artigo é dedicado também a você, jipeiro que quase me atropelou enquanto eu esperava a liberação do trânsito para fazer uma travessia segura. Decerto você estava com muita pressa, porque vinte segundos fizeram muita diferença. Vinte segundos foi o tempo que levei para encontrar condições de segurança e fazer a travessia da avenida. Nesse intervalo você postou seu jipe atrás de mim e começou a me xingar, como se eu estivesse ali exatamente para atrapalhar você.

Consta que você ainda trabalha como jipeiro nesta cidade e parece-me que as pessoas daqui não têm a opção de não conviver com a sua estupidez. Se eu pudesse lhe dar um conselho, eu lembraria a você que a boa educação conserva os dentes e ajuda no crescimento profissional. Torço para que os turistas que você transporta não ouçam as barbaridades que você me disse e que você, sua família e seus clientes possam se livrar de sua falta de educação.

Dedico este artigo também a você, motorista da prefeitura que quase me matou na estrada, perto da praia do Curral. O mais curioso é que você não viu a besteira que fez, limitando-se a ficar irritadinho quando o xinguei pela barbeiragem que quase me custou o pescoço. Você foi incapaz de dirigir direito, mas foi muito capaz de frear sua kombi em cima de mim e sair do veículo para tentar me agredir. Seu destempero deixou claro que você dá mais valor à honra de sua mãezinha do que à vida -- principalmente se for a vida dos outros. Nem quero imaginar como é um lugar em que as pessoas têm esse tipo de escala de valores.

Você não merece conselho algum. Merece apenas que sua carteira de habilitação seja confiscada e que você nunca mais encoste as mãos num automóvel. Vai lhe fazer bem andar a pé.

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Quem lê estas coisas sem ter qualquer relação com os fatos a que me refiro aqui deve imaginar que se trata de miudezas muito particulares. Sim, são miudezas muito particulares. Elas dizem respeito só a mim e, como eu não sou uma pessoa pública, cuja biografia pode ter alguma importância para a cidade, é natural que cada um desses eventos morra comigo. Eles só foram preservados porque resolvi escrever sobre eles.

Ocorre que as pessoas que fizeram essas coisas comigo continuam vivendo em algum lugar. Desde que esse lugar não seja aqui, fico tranqüilo.

O que me deixa menos tranqüilo é a idéia de que cada um desses fatos tenha sido coisa irrelevante para eles também, os principais responsáveis pelos próprios fatos.

O sujeito que atirou a latinha no mar parecia se orgulhar do que fez, como se fosse direito seu fazer isso. A mulher que me xingou na ciclovia mostrou-se visivelmente ofendida quando a orientei a manter sua mãe idosa longe de lá, para a segurança de ambas. O jipeiro que me xingou na avenida só não passou por cima de mim porque eu desviei a tempo. O motorista da prefeitura que quase me atropelou e que em seguida quase me encheu de porrada continua trabalhando na mesma prefeitura; ficou nervoso na hora e depois sua vida prosseguiu. A forma como os fatos aconteceram e o que aconteceu depois demonstram que essas pessoas não dão a mínima para o que outras pessoas podem dizer de seus atos.

O que me preocupa é precisamente isso. Eu continuo vivo e com saúde; o que me acontece é problema meu. O que acontece a esses imbecis também deveria ser, desde que suas biografias não cruzassem com a minha biografia e a colocasse em risco. O problema é que cruzaram e colocaram minha vida em risco e não consta que elas tenham pensado em algum momento na merda que fizeram.

Não se trata de fazer justiça, trata-se de manter essas coisas vivas e criar alguma chance de que algum dia essas pessoas se responsabilizem pela merda que fizeram. Se isso não é possível por vias legais, que seja por algum tribunal divino ou pessoal. Por isso esse discurso pessoal. Não tenho a menor vontade de encontrar essas pessoas novamente -- o turista beberrão e porco, a mulher irritadiça e ofensiva e seu filho nervosinho, o jipeiro troglodita, o motorista da prefeitura barbeiro e kickboxer. Espero apenas que lhes venha à memória a lembrança desses fatos e a noção de que o que fizeram foi errado.

Se cada pessoa puder ser responsabilizada pelo menos pelas merdas que fizeram em público, talvez esta cidade melhore um pouquinho. Se de um lado o que predomina é a estupidez e a falta de educação, de outro lado a boa memória pode evitar que essas pessoas levem suas vidas como se fossem exemplos de boa conduta social. Tento fazer minha parte refrescando a memória delas. De quebra, tento refrescar a memória do leitor que eventualmente fez coisas parecidas com as que narrei aqui. A próxima mensagem pode ser para você.

sábado, abril 26, 2008

Notas breves (mais do mesmo)

ilhabela logo

-- Ao ver as bandeiras da Cetesb na praia, pense no seguinte: não importa a cor delas -- verde ou vermelha -- o simples fato delas estarem lá é sinal de que há muito tempo as coisas vão mal. Praias constantemente limpas não precisam de avaliações semanais. O ideal, portanto, não é limpar as praias ao ponto delas estarem próprias sempre, mas ao ponto da avaliação se tornar desnecessária. Não se trata apenas de eliminar a poluição, mas ir além e eliminar a possibilidade de que elas possam ficar poluídas um dia.

-- Eu não falo mais com pessoas que levam cachorros na praia. Geralmente estes é que são mais compreensivos. Além de tudo, ultimamente a água no Canal de São Sebastião tem estado pior do que areia com bosta de cachorro. Que os bichinhos fiquem à vontade para usar a praia como banheiro; talvez isso melhore a qualidade da água. Porca miséria.

-- Existe aqui, como em muitas cidades turísticas, um fetiche por coisas perfeitas demais. Calçadas lisas demais, paredes brancas demais, trânsito organizado demais. Falta substância, sobra aparência. Falta história, sobra novidade. Do que Ilhabela precisa afinal?

-- A avenida principal de Ilhabela é um lugar extremamente barulhento. Para um lugar que até bem pouco tempo estava acostumado ao barulho de tucanos, maritacas e outros bichos, é muito preocupante. Some-se a isso, aliás, o aumento natural dos decibéis durante feriados e temporadas.

-- Benefícios imensos a qualquer cidade cujos cidadãos pedalam e caminham em vez de dirigir motos, carros e caminhões. Ilhabela segue na contramão, preocupando-se mais com aqueles que poluem e fazem barulho do que com aqueles que não poluem e pedalam e caminham em silêncio.

sábado, abril 12, 2008

Evolução populacional de Ilhabela

Evolução populacional de Ilhabela nos últimos 50 anos. O gráfico mostra o forte crescimento entre os anos 1980 e 2000 e, talvez, uma leve tendência à redução no ritmo desse crescimento. O último ponto do gráfico refere-se a 2007 (IBGE), quando Ilhabela tinha 23.886 habitantes.


(Clica na imagem para ampliar)

Passado presente



Leia aqui meu artigo da quinzena.

O que o mantém em Ilhabela? O que faz com que você prefira este lugar a qualquer outro? Se você enriqueceu, talvez queira responder que foi o êxito profissional e as conquistas financeiras que o mantiveram aqui todos esses anos. Se não enriqueceu, se não conseguiu o êxito profissional desejado, dirá que o que o mantém aqui é a conveniência da beleza do lugar, da ascendência familiar ou a aparente possibilidade de não viver sob o peso dos problemas urbanos, porque aqui eles (ainda) são brandos e suportáveis. Nos dois casos, acredite, você estará tentando acobertar aquilo que realmente o mantém aqui — os sentimentos. Admita, você gosta daqui. Sempre gostou, no passado ou no presente.

domingo, março 30, 2008

Panorâmica



Criei uma conta no Flickr, onde a partir de hoje adicionarei algumas imagens de Ilhabela. Muitas delas estão sendo usadas na pesquisa que estou desenvolvendo para o mestrado na FAU-USP.

O álbum com imagens de Ilhabela pode ser visto aqui: http://www.flickr.com/photos/christiandrs/sets/72157604314778133/

sexta-feira, março 28, 2008

Gandalf para prefeito



Leia na íntegra meu artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

Eu ainda me surpreendo ao ver que as pessoas crêem de verdade que coligações são coisas bacanas demais; que o que acontece entre quatro paredes legislativas ou executivas é mais importante do que aquilo que acontece fora, todos os dias; e que assinaturas e canetadas valem mais do que aquilo que é feito nesta cidade, inclusive quando as repartições públicas estão fechadas e os fiscais dormindo. Cria-se assim a impressão — falsa, é claro — de que um prefeito é uma espécie de Gandalf, o mago de «O Senhor dos Anéis»: um sábio de poderes mágicos que resolverá todos os problemas com um golpe de cajado. Você realmente acredita que política se faz com garganta e caneta? Me poupe. Isso é politicagem em sua pior forma, não política. Você já viu esse filme e sabe que o final é sempre lamentável.


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Original da imagem aqui.

domingo, março 16, 2008

Não há vagas

Você acha que as praias de Ilhabela estão cada vez mais lotadas nos feriados e temporadas? Você precisa conhecer a praia de Haeundae, na Coréia do Sul...

coréia do sul

(Clica na imagem para ver outras fotos desta praia e para ver a foto deste post em versão ampliada)

sexta-feira, março 14, 2008

Os donos da ilha

caiçara

Vi ontem o documentário «Os donos da ilha», que pode ser visto no You Tube, dividido em três partes:

Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=M1EykaWSz7o
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=erGPOYbFu3M
Parte 3: http://www.youtube.com/watch?v=srNQyv2c2RA

Algumas impressões:

1) Assistam. Não é um documentário completo (principalmente por ser breve), muito menos conclusivo, mas é fundamental para quem quer tentar compreender a questão da cultura caiçara e sua presença no arquipélago.

A partir daqui meus comentários citarão trechos do documentário. Talvez você prefira assisti-lo para depois ler o restante deste post. Ou não.

2) É um documentário pessimista. A impressão que se tem é que a cultura caiçara se perdeu e não há solução. Bem, a cultura caiçara se perdeu (isto é um fato) e realmente não há solução (isto já é opinião). Na verdade, a cultura não é algo que se «perde». Perdem-se costumes, tradições são deixadas de lado e, afinal, a cultura se transforma. O fato é que o caiçara deixou de ser o habitante típico do litoral. Ilhabela, como a maioria das cidades do litoral, é formada hoje por migrantes -- paulistas da Grande São Paulo, mineiros e baianos, entre outros. Existe em Ilhabela forte influência da cultura que essas pessoas trazem para cá, sem falar no próprio impacto sócio-cultural que o próprio turismo traz para o arquipélago.

3) Pessimismo não é realismo. Realismo incluiria mostrar o outro lado de uma situação que parece não ter solução. As tradições caiçaras estão se perdendo? Sim. A cultura caiçara está desaparecendo? Não. Ela está se transformando. Para compreender o que essas transformações significam é necessário analisar o impacto de tradições perdidas, da cultura que influencia a cultura caiçara e dos valores que são trazidos de fora. Através dessa análise pode-se avaliar uma situação.

4) Um dos itens dessa análise é a relação do homem com o mar e com a terra. Os caiçaras relacionavam-se com o mar e com a terra de uma forma mais próxima porque dependiam deles para viver. Nós hoje também dependemos, mas temos dificuldade em ver e compreender essa dependência. É claro que isso foi uma perda, que trouxe mais danos do que benefícios. Uma questão que se pode desenvolver é como fazer com que esses benefícios ajudem na reparação dos danos -- e esta questão não é diferente daquelas propostas nas discussões ambientais acerca da sustentabilidade. Ganhar-se-ia muito, portanto, colocando pés no chão e avaliando a situação tal como ela é hoje, não como ela pode ser daqui alguns anos.

5) A respeito disso, aliás, uma «dica» foi dada quase sem querer pelo grande Mazinho, que aparece em alguns momentos do documentário. Ele diz algo como «ainda bem que tem marina, o Yacht Club, a balsa, senão esse pessoal [pescadores] estaria todo sem trabalho», sem perceber a ligação entre os fenômenos que prejudicam a pesca e outras tradições caiçaras e os fenômenos que levam à construção de marinas e ao aumento do número de embarcações de recreio no arquipélago. É sempre uma faca de dois gumes. O desenvolvimento escasseou os cardumes, mas trouxe emprego. Estes empregos não têm relação direta com a cultura caiçara, mas são bons. Ao mesmo tempo são sintomas de um processo que ajudou a degradar a cultura e as tradições. Uma questão que se coloca é se o que acontece aqui não faz parte de um processo muito mais amplo, comum ao restante do país e do mundo.

6) O documentário é fundamental não por fazer um alerta sobre algo que pode acontecer, mas sobre algo que já aconteceu e que é a realidade neste momento. Eu gostaria que ele fosse visto sempre desta forma. O problema é que a maioria das pessoas pensa: «Puxa, a cultura caiçara está se perdendo». Não, ela já se perdeu. Que ela exista ainda em algumas pessoas e em algumas festas folclóricas e religiosas, é mero acaso, mera sorte. O que devemos perguntar -- individualmente, para início -- é o que é cultura, o que ela representa para você e, afinal, por que as tradições são importantes. Não adianta suspirar pela perda de algo que você só valorizou como souvenir. Se isso não for feito, nenhuma cultura será valorizada, nem a caiçara, nem a nossa própria cultura, que é o que nos permite viver com alguma lucidez.

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Original da imagem aqui.

quarta-feira, março 12, 2008

Para entender a balneabilidade das praias



Num tópico na comunidade Ilhabela no Orkut perguntaram sobre os critérios e a lógica que poderia haver nas avaliações de balneabilidade das praias de Ilhabela, feitas pela Cetesb.

Há praias visivelmente impróprias que são vistas com bandeiras verdes, enquanto praias tradicionalmente boas -- ou, pelo menos, que costumam ser reconhecidas como de boa qualidade -- têm bandeiras vermelhas.

A resposta que adicionei ao tópico, toda ela baseada nas informações que a própria Cetesb transmitiu numa audiência pública ocorrida no ano passado, pode eliminar algumas dúvidas.

Sobre este assunto, escrevi isto um tempo atrás:
http://ilhabela.blogspot.com/2006/06/matando-o-mensageiro.html
http://ilhabela.blogspot.com/2007/05/quero-minha-praia-de-volta.html

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Na audiência a que me refiro no primeiro texto, pessoal da Cetesb veio esclarecer como eram feitos os levantamentos. Alguns intens importantes da explanação oferecida:

1) Existe um «lag» entre a coleta de amostras e a colocação da bandeira. Este «lag» se deve ao fato de que as amostras são levadas para São José dos Campos, onde são analisadas. Os resultados demoram cerca de um dia para serem obtidos. Leva mais um tempo até que funcionários da Cetesb voltem ao litoral para colocar as bandeiras. Naturalmente, dispõe de poucos funcionários para todo o litoral norte, o que torna o processo ainda mais lento.

2) A qualidade da água varia muito mesmo em uma mesma praia -- ainda que seja pequena. Há trechos em que o esgoto rola solto, como todos sabemos. Contudo, dependendo da correnteza, esse esgoto tanto pode se dissipar rapidamente e nem chegar ao ponto onde são colhidas as amostras como pode ficar todo acumulado na orla de toda a praia. Pode acontecer também do esggoto derramado numa praia acumular-se em outra praia tida normalmente como limpa e própria.

3) O regime de chuvas é um fator que influencia muito a qualidade das praias. Um período de seca melhora sensivelmente a qualidade das águas. Basta chover para descer esgoto e sujeira para o mar. Novamente, vale aqui o que foi dito sobre o «lag»: bandeiras verdes podem ser vistas em períodos de chuva, de mar lamacento; enquanto que em períodos de seca as bandeiras vermelhas podem ser vistas às vezes, a despeito da boa aparência das águas.

4) O levantamento da Cetesb pretende -- palavras dos próprios profissionais na audiência pública -- ser apenas um referencial, não um atestado 100% seguro da qualidade da praia. A presença ocasional de uma bandeira vermelha significa que aquela praia está sujeita a quedas na qualidade. IMHO, isso já é alerta suficiente.

Na ocasião da audiência os próprios vereadores questionaram a possibilidade de haver alguma má intenção dos profissionais da Cetesb. A explicação deles eliminou qualquer mal-estar.

O que há, como talvez tenha ficado claro no texto «Matando o mensageiro» é um interesse local em que os boletins «negativos» não sejam divulgados. Há diversas ocorrências de bandeiras vermelhas que foram roubadas das praias e a impressão que algumas pessoas têm é que a Cetesb se coloca «contra» o município quando divulga boletins que revelam a qualidade decadente de nossas praias.

As praias não são sujas por elas mesmas, por razões naturais -- embora isso possa ocorrer também. Em Ilhabela, o que estraga as praias é o esgoto. Por isso a chuva é um fator decisivo: basta chover para o esgoto descer para as praias e torná-las impróprias.

Podem tentar culpar a Cetesb por divulgar os boletins de balneabilidade, podem querer culpar São Pedro, mas o fato é que a cidade está estragando as praias.

Se não é possível evitar que os rios e córregos corram para o mar, talvez seja possível evitar que o esgoto chegue a eles.


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Original da imagem: acervo do autor.

sábado, março 08, 2008

Sobre as mudanças neste blog

Como muitos notarão, o layout deste blog foi modificado novamente. Com algum tempo e paciência descobri os novos recursos do Blogger (alguns nem tão novos assim; apenas novos para mim, que raramente estava atento a eles). Por partes:

1) A imagem do topo é da Ponta do Pequeá -- fotografia que tirei cerca de um mês atrás. Além do significado pessoal que esse lugar tem, escolhi essa imagem por causa de sua pouca exuberância, comparada com as «imagens de poster» que a maioria das pessoas escolhe para representar Ilhabela. Autenticidade é uma virtude e é bom que as imagens correspondem àquilo que o lugar é. A meu ver, Ilhabela é tal como a imagem do topo deste blog mostra: um lugar mais sereno do que exuberante, mais normal do que extraordinário -- e são estas qualidades que o tornam especial, humano e próximo dos pés e dos olhos de quem vive nele.

2) Todo mês (espero) este blog terá uma enquete diferente. Participem e dêem sua opinião aí na barra lateral. A primeira enquete deste blog, como vocês podem notar, trata de política e dos principais problemas de Ilhabela.

3) Escolhi o padrão «Georgia» para as fontes para dar um aspecto mais formal ao blog. Naturalmente não espero com isso ser levado mais a sério; apenas gostaria que as fontes e o aspecto geral do blog transmitisse o tipo de reverência que tenho para com este lugar e os problemas que o afligem.

4) Como de costume, continuo receptivo a sugestões. Se você as tiver ou se quiser comentar algo, tecer críticas ou simplesmente descer o malho, sirvam-se das caixas de comentários dos posts deste blog ou enviem-me um e-mail em christian arroba gropius ponto com.

sexta-feira, março 07, 2008

Não diga que é impossível

vila ilhabela

Artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

Quando uma pessoa pública declara que uma determinada ação necessária para o bom funcionamento da cidade é impossível de se realizar, eu lembro do médico que desenganou o paciente que contraiu uma gripe. A atitude digna do profissional é buscar soluções e, quando elas não existem, pesquisá-las e criá-las. Sempre haverá uma solução e será razoavelmente fácil desenvolvê-la quando se tenta oferecer uma resposta sincera a um problema, mesmo que ele pareça insolúvel.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Cidades para bicicletas, cidades de futuro

urban cyclist

Estou disponibilizando para download a publicação da Comissão Européia para Meio Ambiente sobre bicicletas e a importância desse meio de transporte para o desenvolvimento sustentado das cidades. O título da publicação é o título deste post. Trata-se de uma obra lúcida e objetiva, que demonstra -- para quem ainda tem dúvidas -- que a qualidade urbana depende da utilização de meios de transporte tidos hoje como "alternativos". Naturalmente, a bicicleta é um desses meios e talvez aquele que concilie melhor a necessidade de deslocamento com a necessidade de planejar e melhorar o ambiente urbano.

A publicação fala ainda das vantagens econômicas do uso de sistemas de transporte alternativos e de como o carro pode ser um tiro pela culatra no que diz respeito à rentabilidade e à funcionalidade das cidades.

A todos aqueles que pretendem fazer algo por Ilhabela, que gostariam de resolver as questões viárias da cidade (que já se tornaram há tempos um problema sério de saúde pública, com mortos e acidentados) e que, ao mesmo tempo, se dizem de mãos atadas, a leitura desta publicação pode ser um bom começo.

Para baixar a obra em formato PDF (que pode ser lida pelo Acrobat Reader ou pelo Foxit Reader), basta acessar este link:
http://www.4shared.com/file/39093412/a554f56b/Cidades_para_bicicletas_-_CE.html

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Original da imagem aqui.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

A matemática da preservação



Ilhabela, cidade campeã de preservação da Mata Atlântica

Quantas vezes você já ouviu ou leu isso? Façamos algumas contas para saber o que isso significa.

O arquipélago de Ilhabela tem 348 km² de área. Desse total, estima-se que 83% estejam preservados.

O Parque Estadual de Ilhabela, que integra a ZRT (Zona de Restrição Total) do arquipélago, corresponde a 78% da área total do arquipélago.

Agora considere o seguinte:

Área total do arquipélago de Ilhabela: 100%
Mata atlântica preservada: 83%
Parque Estadual de Ilhabela: 78%

Considerando que o Parque Estadual é responsabilidade do Governo do Estado e é protegido pelo decreto estadual nº 9414, de 20 de janeiro de 1977, estes números equivalem a dizer que, de um total de 83% de mata atlântica preservada, apenas 5% estão efetivamente no município de Ilhabela, isto é, sob responsabilidade do poder público municipal.

Se a área do município fora do Parque Estadual equivale a 22% de todo o arquipélago, percebemos que a preservação no município é muito menor do que se imagina, menos de 1/4 da área que efetivamente pertence ao município.

Naturalmente, temos que considerar o fato de que dentro desses 22% está situada a cidade -- com casas, comércio, ruas etc. Mesmo assim, são números bastante reveladores, que dão outro aspecto aos índices de preservação de mata atlântica no arquipélago.

Eu já havia falado disso antes. Desta vez, com números, fica mais difícil ter dúvidas da importância do Parque Estadual para o arquipélago e da participação do município -- sociedade civil e poder público municipal -- na preservação do meio ambiente. Não que estas coisas não possam ser percebidas sem os números, mas diante deles não há muito o que discutir. Há, sim, muito para fazer.

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Original da imagem aqui.

Pague para estacionar

Poucas pessoas sabem, mas os parquímetros instalados na Vila são provisórios. Estão em fase de testes e deverão ser substituídos em breve por um modelo mais elegante, moderno e definitivo:



Em breve, muito em breve, dizer que "usar carro em Ilhabela é um jogo de azar" não será mera força de expressão.

sábado, fevereiro 23, 2008

Coragem e bicicletas



Meu artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

Seria bom se as bicicletas fossem tratadas com algum respeito. Primeiro, pelas razões de sempre: bicicleta não polui, não faz barulho e não causa congestionamento. Segundo, porque manter uma ciclovia é mais simples e mais barato do que manter ruas e organizar o trânsito de carros, ônibus, caminhões e motos. O dinheiro gasto com pavimentação, fiscalização e reparos em ruas e avenidas é bem maior do que aquele necessário para fazer as mesmas coisas em ciclovias.

Terceiro, as intenções de melhorar o trânsito de Ilhabela (vide zona azul, limites de acesso na balsa, taxa ambiental etc.) só serão realidade de fato quando as autoridades (sempre elas) perceberem a importância de diversificar os meios de transporte e a facilidade com que isso pode ser feito com base em coisas simples como coragem e bicicletas, para citar apenas dois exemplos.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

A Web 2.0 ainda não chegou a Ilhabela



Uma das conquistas possíveis com a internet foi o acesso a todo tipo de informação. Praticamente todo o conhecimento humano encontra-se disponível na internet. E se você não encontra uma informação na rede, encontra alguém que sabe onde encontrá-la ou que a possui.

É inadequado falar em tendências neste caso. Tendência é quando fatores externos influenciam ou causam um processo, uma ação etc. No caso da disponibilização de informações pela internet, é questão de sobrevivêncie, não de tendência. É inevitável que todo o conhecimento e todas as informações disponíveis no mundo tenham sua versão digital, acessível em qualquer lugar no mundo que tenha um PC conectado à rede.

Aparentemente essa ficha não caiu para os webmasters da Prefeitura e da Câmara Municipal de Ilhabela. Não é uma questão de fazer sites bonitos -- eu só discutiria estética se tudo o mais estivesse em ótimas condições. É uma questão de acesso a informação e, no caso dos poderes públicos, de transparênciam, eficiência e cidadania.

O site da Prefeitura Municipal de Ilhabela parou em algum momento de 1996. As informações ali contidas resolvem-se facilmente com um blog e um arquivo DOC para download. Faz muita falta, por exemplo, poder acompanhar o andamento de processos ou mesmo iniciá-los via internet. Desnecessário falar da importância de poder acompanhar online a prestação de contas, as licitações, os relatórios e as agendas de cada secretaria. Enquanto em alguns sites é possível comprar carros e fazer aplicações financeiras vultosas, no site da Prefeitura o máximo que se consegue é ver a foto dos secretarios municipais e saber que qualquer tipo de solicitação deve ser feita pessoalmente, em horário comercial, o que quase sempre inclui enfrentar fila no banco para pagar a taxa referente à protocolação do processo. É burocracia demais para um tempo marcado pela facilidade dos cliques.

O site da Câmara Municipal de Ilhabela é mais completo no que diz respeito aos conteúdos. Nele podem ser encontrados projetos de lei e as próprias leis que regem o município, atas das sessões e informações sobre os vereadores em exercício. Apesar do material farto, só é possível navegar pelo site da Câmara com o Internet Explorer; é impossível acessá-lo com os melhores navegadores da atualidade, o Firefox e o Opera. Por que?

Além disso, assim como o site da Prefeitura, o site da Câmara peca por não passar de uma fonte de consulta. Único meio de contato com seu vereador é o e-mail, que raramente obtém resposta (digo-o por experiência própria). É surpreendente que não tenham sido criadas novas formas de interação entre vereadores e eleitores pelo site da Câmara, visto que a maioria pretende se reeleger neste ano.

Em ambos os casos é patente o desinteresse do Executivo e do Legislativo em aumentar a interação com o cidadão e a transparência de seus atos. Que isso aconteça por falta de consciência dos políticos, não surpreende. O que me surpreende é que isso possa acontecer por despreparo dos webmasters.

Se a miséria dos sites da Câmara e da Prefeitura foi determinada por ordem superior, pela limitação de quem os fez ou por algum motivo que não me ocorreu até o momento, é uma dúvida que aguarda resposta.

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Original da imagem aqui.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Um código de obras para Ilhabela



A proposta é absolutamente hipotética, provavelmente inviável e, portanto, está aberta a críticas. Ei-la para quem quiser se divertir, pensar com o travesseiro ou mudar a forma de construir em Ilhabela. Ao vereador que quiser transformar qualquer trecho deste post em projeto de lei, minha gratidão e meu pedido de que entre em contato comigo antes.

1) Toda casa terá um quintal e todo quintal terá pelo menos uma árvore que dê sombra e frutos e onde se possa amarrar um balanço. Em sua forma ideal, a árvore do quintal terá uma casinha (sim, daquelas de madeira, que as crianças adoram), bebedouros e comedouros para pássaros e um cachorro vira-lata solto e sossegadão.

2) Toda casa terá vasos de flores e ervas nas janelas. Fique à vontade para escolher os vasos, as flores e as ervas. Apenas não tente dizer que isso é inglês demais. Também não tente dizer que não pega bem colocar vasos nas janelas da sua casa e que flores e ervas são mero ornamento.

3) Nenhuma casa terá garagem. Obviamente esta proposta é polêmica. No espaço necessário para armazenar (sim, o verbo é esse) um automóvel cabe pelo menos uma dúzia de bicicletas ou uma horta razoável.

4) Toda casa em lote sem árvores será térrea. Nos lotes com árvores, as casas poderão ter dois pavimentos, mas não serão mais altas do que as árvores. Desnecessário destacar a preferência por árvores nativas, que atraem a fauna nativa.

5) Toda casa terá barris nas terminações das calhas, exatamente como se vê nos desenhos de Tom & Jerry e nos quadrinhos de Calvin & Haroldo. Logicamente, os modernos sistemas de aproveitamento de água pluvial são bem-vindos, mas um barril é um barril.

6) O uso de aparelhos sonoros potentes demais deverá ser especificado em memorial descritivo e será acondicionado em cômodo isolado acusticamente. ("aparelhos sonoros potentes demais" são aqueles que produzem som suficiente para você se cansar ao tentar conversar com uma pessoa que está num cômodo em que um desses aparelhos está em pleno funcionamento)

7) Toda casa preverá uma bicicleta para cada morador. Isto implica especificar o lugar em que as bicicletas serão guardadas quando não estiverem em uso e, naturalmente, representá-las no projeto arquitetônico.

8) Toda casa terá um gazebo de dimensões e conforto suficientes para o número de moradores previsto no projeto.

9) A fachada principal terá janelas através das quais seja possível observar o interior desde o exterior e vice-versa.

10) A fachada principal incluirá pelo menos uma obra de arte como forma dos moradores expressarem seu apreço pela cidade.

11) Um quarto do perímetro da casa será aproveitado com varandas cuja área total não será inferior a 1/10 da área total da casa.

12) Toda casa terá lama e poças d'água. A árvore especificada no item 1 terá folhas caducas.

13) A cozinha não será menor do que a sala.


(continua em breve)

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Original da imagem aqui.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Política, mal necessário

Meu artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

"A democracia só é ruim quando as pessoas mais capazes, inteligentes e sábias não participam dela. Participar não significa apenas votar, candidatar-se e ocupar um cargo. Participar da democracia significa oferecer aquilo que você tem de melhor para o bem do lugar em que vive. Noutras palavras, a democracia é feita todos os dias, não apenas a cada dois anos, nas eleições."

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Carnaval 2008

Para quem vive em Ilhabela, como eu, a melhor coisa que se pode fazer nesta época do ano é ir para São Paulo. Olha como o Carnaval lá é bom:



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A todos que têm visitado este blog, muito obrigado.

Depois do feriado teremos mais atualizações.

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Original da imagem aqui.

sábado, janeiro 19, 2008

Aikido Ilhabela

Este pequeno cartaz foi publicado ontem no jornal Canal Aberto (clique na imagem para ampliar). Convido todos a conhecer as aulas de Aikido. E agradeço ao Nivaldo Simões pela gentileza do anúncio.

sábado, janeiro 12, 2008

Caiçaras de alma

caiçara ilhabela

“Quem decide ligar-se desta maneira a um lugar não vê diferenças entre o lugar e sua própria vida. O lugar é sua vida. E sua vida constrói o lugar. Essas pessoas podem não ter nascido aqui, mas são caiçaras de alma”. Artigo publicado no jornal Canal Aberto em 11 de janeiro de 2008.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Irregularidade e ordem

Certas distinções equivocadas são feitas com base na condição econômica das pessoas. Ocupações irregulares são avaliadas desta forma e algumas pessoas chegam a pensar que o problema das casas em faixa de marinha é menos sério porque os abonados proprietários têm o cuidado de não poluir a praia logo adiante. Barracos merecem a severidade irrestrita; mansões, depende.

Ocorre que tanto o barraco na beira do córrego como a mansão em faixa de marinha são construções irregulares. Faixas de marinha e córregos são áreas da União -- isto é, de todos nós -- e de preservação permanente. A diferença é que o barraco limita o uso do córrego porque o polui; a mansão limita o uso da faixa de marinha porque lhe proíbe o acesso com muros de pedra, decks e píers -- sem falar que algumas mansões, sim, poluem o mar.

A irregularidade ocorre nos dois casos. No que diz respeito às construções irregulares, não existe "melhor" ou "menos ruim". Existe aquilo que deve ser devidamente fiscalizado, embargado e, se for o caso, posto abaixo.

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Há também quem diga que o problema só é importante se ele causa poluição ou desmatamento. Daí a condescendência com mansões em faixa de marinha e mesmo com barracos em algumas áreas da cidade. Se as pessoas ocupam irregularmente essas áreas sem causar danos, qual o problema? O problema é a própria irregularidade, o desvio, a contravenção. A regularidade significa documentação completa e impostos em dia. Estas coisas significam que o poder do município está sendo respeitado e que dinheiro público está sendo colhido e, sobretudo, utilizado adequadamente. Regularidade é ordem e nada é mais necessário do que isto em dias de hoje.

Um município em ordem é a garantia de que amanhã um sujeito qualquer não tentará se apossar de sua casa ou construir um arranha-céu ao lado dela. Ordem é também igualdade. No caso de Ilhabela, a igualdade desejada é aquela que permite a todos o acesso ao patrimônio natural do arquipélago. O problema surge quando alguns o poluem e ninguém mais pode usá-lo; quando alguns o cercam e ninguém mais pode acessá-los; quando alguns o destróem e ninguém mais pode sequer vê-los ou levá-los na memória.

sábado, dezembro 15, 2007

Bom exemplo de mau exemplo

heavy traffic

Meu artigo desta semana no jornal Canal Aberto.

As pequenas cidades brasileiras têm nas metrópoles um bom exemplo de mau exemplo. A certeza de que o carro — o transporte individual — é um modelo condenado ao fracasso e que ao mesmo tempo condena a cidade a congestionamentos intermináveis deveria ser razão suficiente para as cidades pequenas se dedicarem mais a soluções alternativas, mais baratas e menos poluentes.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Meus artigos no jornal Canal Aberto

Quase todos os meus artigos no jornal Canal Aberto e outros artigos interessantes podem ser lidos aqui.

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Reconheço que este blog está às traças e confesso que Ilhabela tem me interessado pouco além daquilo que me é necessário para levar minha pesquisa adiante. Alguns já devem saber, outros não: há quase dois anos Ilhabela tem sido objeto de minha dissertação de mestrado. É necessário, por isso, uma focalização nas reflexões e nos escritos. Nem tudo que tenho pensado e escrito sobre Ilhabela me parece interessante para ser compartilhado aqui. Ao mesmo tempo, atualidades "atuais demais" como a discórdia entre os prefeitos de São Sebastião e Ilhabela, a nova temporada de navios, as perspectivas para o verão 2007-2008 etc. têm me interessado muito pouco porque não têm a extensão e o peso necessários para que eu me abale por elas, para que eu perceba que elas realmente são decisivas para Ilhabela.

Em momento oportuno devo compartilhar com os 6 leitores deste blog o que tenho escrito para meu mestrado. Até lá peço paciência, agradeço as visitas constantes e prometo ao menos repassar os poucos artigos que tenho escrito para o jornal Canal Aberto e em que me permito pensar com mais cuidado e mais amplitude neste lugar.

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Alguns avisos:

- O visual deste blog mudou, como muitos podem ter notado.

- Alguns links foram adicionados à lista aí ao lado. Recomendo fortemente que vejam o site do grupo de Aikido de Ilhabela, um grupo pequeno que se dedica ao estudo e à prática de uma das mais interessantes artes marciais existentes. Recomendo também que conheçam o blog da tecelã Maya Woolley e o do músico Paulo Prestes e agradeçam por Ilhabela ainda ter gente assim.

- Algumas funções foram adicionadas, outras excluídas. Entre as modificações, os comentários agora só podem ser feitos por quem tiver uma conta no Google/GMail. Embora poucos comentários estivessem sendo postados, era grande a proporção de comentários anônimos -- e isso prejudica qualquer blog. Se você não tiver uma conta no Google e mesmo assim quiser comentar algo deste blog, pode enviar um e-mail para

christian[arroba]gropius[ponto]org

A todos, muito obrigado.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Silêncio, por favor

Meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto.

"Nada mais interessante do que chegar num lugar e encontrar condições para viver de uma forma diferente, mesmo que seja só por alguns dias — viver em silêncio, caminhar devagar, observar. Fotos, cartões postais e souvenires são bons, mas são as memórias que realmente o farão voltar. E as memórias não são feitas de barulho, de desordem e de pressa."

segunda-feira, novembro 05, 2007

O Borrachudo

Ilhabela, 1984. O Borrachudo, um ícone do verão foi colocado à disposição pelas mãos de um dos seus criadores, Fábio Yllen. A ele, muito obrigado por compartilhar e por autorizar a reprodução dessa preciosidade neste blog.

o borrachudo

Para ler todas as tiras, faça o download aqui.

Pequenos atos, grandes problemas

Meu artigo deste mês no Canal Aberto.
Se você ainda não viu “Tropa de Elite”, veja. Não pretendo falar de todas as qualidades do filme, que vão do argumento à técnica, passando pelos atores e pelo roteiro, naturalmente. O que interessa para este artigo é o que torna o filme realmente necessário, para além das questões cinematográficas. Com “Tropa de Elite”, pela primeira vez alguém veio a público dizer com todas as letras: quem consome drogas financia o tráfico e a violência.(...)

sexta-feira, outubro 26, 2007

Ilhabela


Com base no Google Earth, organizei as fotos aéreas do trecho do Engenho d'Água até o final do Saco do Indaiá. Basta clicar na imagem para ampliar.

Quem quiser uma versão ainda maior dessa imagem, entre em contato comigo.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Creche de Ilhabela


Uma imagem vale por mil palavras, mas se precisar de algumas, ei-las: dinheiro público, desperdício, ruína, prefeitura, má qualidade, incompetência.

 
Clica na imagem para ampliar.

sábado, outubro 06, 2007

Plantão de farmácias



Meu avô foi dono de uma das primeiras farmácias de Ilhabela, numa época em que o sistema de saúde pública dependia desses estabelecimentos e em que havia razões de sobra para confiar mais na tarimba de um veterano do que em médicos distantes demais para chegar a tempo.

Embora fosse criança demais, lembro mais ou menos como isso funcionava. Quando a farmácia estava fechada, havia uma placa do lado de fora indicando o telefone do farmacêutico (meu avô). As pessoas realmente telefonavam a qualquer hora da noite ou da madrugada, principalmente em feriados, quando os turistas desavisados percebiam que não havia hospitais em Ilhabela e que a Santa Casa, afinal, mal conseguia funcionar nos finais-de-semana. Ficar doente fora do horário comercial, em finais-de-semana e o feriado e nas madrugadas significa procurar o Seu Chico. As pessoas telefonavam e muitas vezes iam até sua casa buscá-lo para acompanhá-lo até a farmácia.

Isso aconteceu até meados dos anos 80. Quando vieram novas farmácias, a prefeitura decidiu criar um plantão, de modo que a população e os turistas sempre tivessem à disposição pelo menos uma farmácia. E o serviço pioneiro do Seu Chico poderia ser realizado também por outros farmacêuticos.

Na década de 2000 veio o Hospital Municipal. Alguns postos de saúde foram adequadamente equipados, outros foram construídos. O sistema de saúde pública se ampliou. Mais farmácias foram abertas. Hoje Ilhabela não é ainda um exemplo de excelência em serviços de saúde, mas muita coisa melhorou. O Seu Chico está aposentado e, de qualquer forma, resolver uma febre alta de madrugada não depende mais das farmácias.

Apesar disso, a Câmara está analisando o projeto de lei nº76/2007 ,de autoria do vereador Guilherme, que "dispõe sobre o regime de plantão de farmácias e drogarias existentes no município de Ilhabela e dá outras providências". Isso me deixa muito surpreso. Vejamos por que:

1) De um lado o Governo Federal limita cada vez mais as possibilidades de atendimento das farmácias, reforçando a idéia de que esses estabelecimentos devem-se limitar à comercialização de medicamentos. Tudo para evitar a automedicação.

2) De outro lado, o legislativo municipal propõe o inverso, sugerindo que uma pessoa doente que necessite de atendimento emergencial procure uma farmácia em vez de ir ao pronto socorro municipal (subentende-se que o plantão pretende justamente atender casos de emergência, que não podem esperar o horário de funcionamento normal dos estabelecimentos, de domingo a domingo, das 8 às 22hs.).

3) À parte a questão do atendimento de emergência, que é no mínimo esquisita, há a idéia de dar mais conforto àqueles que buscam atendimento não-emergencial. O sujeito pode, por exemplo, querer comprar xampu às 3 horas da madrugada. É um direito dele. Nenhum estabelecimento do mundo tem a obrigação de lhe atender. Se o atendimento vai acontecer ou não, depende mais de uma questão de oferta e demanda do que de uma lei municipal que fixe uma obrigatoriedade -- ou pelo menos deveria ser assim.

4) Assim, se o legislativo municipal propõe o retorno do plantão para casos de emergência é porque crê que uma farmácia deve ser obrigada a atender casos de emergência e sobrepor-se às autoridades médicas, existentes e devidamente estabelecidas no município.

5) Se o retorno do plantão pretende apenas atender casos não-emergenciais, então não há por que criar uma lei que obrigue as farmácias a qualquer coisa.

Além disso, há nessa história três itens de fundamental importância:

a) Não há números que comprovem a necessidade de plantão de farmácias. Não basta, naturalmente, sair à rua e perguntar às pessoas se elas gostariam que existisse plantão de farmácias; todas dirão que sim, sem pensar no número de vezes que precisaram desse serviço em alta madrugada nos últimos 12 meses. Um levantamento que pode ser feito é dos casos registrados no sistema de saúde pública no horário proposto para o plantão de farmácias e de quais destes casos poderiam ser resolvidos numa farmácia. Para começo de conversa. Esses números existem? Não. Mas o autor do projeto, médico conhecido e atuante em Ilhabela, certamente sabe algo que eu não sei.

b) Devemos nos lembrar da viabilidade de uma lei desse tipo. Legalmente tudo é viável, sim. Eu me refiro à viabilidade para as farmácias. Permanecer de portas abertas significa arcar com custos de manutenção (água, luz, limpeza), custos com funcionários (que deverão receber valores adicionais por trabalhar em horário não-comercial) e custos com segurança (manter portas abertas de madrugada significa expor o estabelecimento a riscos diversos). O plantão trará prejuízo aos estabelecimentos sem representar ganho significativo para a cidade. Afinal, quem ganha com o plantão? Passamos aqui ao terceiro item fundamental.

c) Se não há qualquer benefício com o plantão (casos emergenciais devem procurar um hospital, casos não-emergenciais podem esperar o expediente normal das farmácias), se as farmácias terão prejuízos e se a população não terá uma significativa melhora nos serviços de saúde, podemos nos perguntar sobre os objetivos de uma lei desse tipo. Por enquanto dispenso-me de levantar hipóteses, mas deixo o convite feito e área de comentários aberta, a quem quiser se manifestar.

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Apresento a seguir a íntegra do projeto. É especialmente ridículo o trecho que fixa que o plantão será determinado pelo Poder Executivo, como se esse tipo de decisão (ou pelo menos parte dela) não pudesse caber às próprias drogarias.

PROJETO DE LEI Nº 076/ 2007

“DISPÕE SOBRE O REGIME DE PLANTÃO DAS FARMÁCIAS E DROGARIAS EXISTENTES NO MUNICÍPIO DE ILHABELA, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS”.

A CÂMARA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA BALNEÁRIA DE ILHABELA, NO USO DAS ATRIBUIÇÕES QUE LHE SÃO CONFERIDAS POR LEI, APROVA:

Art. 1º - É obrigatório o funcionamento de uma farmácia ou drogaria, em regime de plantão, no período compreendido entre as oito horas de um dia até as oito horas do dia imediato, durante todos os dias da semana, inclusive aos sábados, domingos e feriados.

Art. 2º - O regime de plantão a que se refere o artigo anterior será supervisionado pela Prefeitura Municipal e obedecerá escala elaborada pelo Poder Executivo, em sistema de rodízio entre as farmácias e drogarias existentes no Município.

Parágrafo Único – A escala prevista no caput do presente artigo deverá ser elaborada de modo a assegurar o atendimento do público e a rotatividade entre os estabelecimentos.

Art. 3º - Todas as farmácias e drogarias existentes no Município deverão afixar obrigatoriamente, em lugar visível, inclusive quando estiverem fechadas, placa indicativa com o nome e endereço dos estabelecimentos congêneres que estarão de plantão e em regime de atendimento noturno.

Art. 4º - Em caso de infração aos dispositivos da presente Lei, estará o infrator sujeito às seguintes penalidades:

I – notificação;

II – multa;

III – perda do alvará de funcionamento.

Parágrafo Único - A multa a que se refere o inciso II será valorada em R$ 200,00 (duzentos reais), dobrada na reincidência.

Art. 5º - O Poder Executivo deverá regulamentar a presente Lei no prazo de 30 (trinta) dias, contados de sua publicação.

Art. 6º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Sala "Ver. MANOEL CLEMENTINO BARBOSA".
Ilhabela, 06 de junho de 2007.

GUILHERME HENRIQUE MAIA VIEIRA
(Dr. Guilherme)
Vereador – PMDB

domingo, setembro 16, 2007

União ameaça ir à Justiça para derrubar casas em praias de Ilhabela

Matéria do Estadão de hoje:

Alvo de ação são 300 projetos aprovados pela prefeitura e vereadores para construção em área de marinha
Alexssander Soares

A União estuda entrar com uma ação judicial solicitando a demolição de casas ou de áreas de lazer como deques, píeres ou piscinas construídas em área de preservação ambiental permanente ou em faixas de terrenos dentro da praia em Ilhabela - único município paulista escolhido como um dos 65 pólos turísticos brasileiros no início do mês pelo Ministério do Turismo. As medidas serão solicitadas pela Gerência do Estado de São Paulo da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) à Procuradoria da República no Estado, para garantir a preservação ambiental da ilha.

Os alvos da ação judicial da SPU serão 300 projetos aprovados, desde 1993, pela prefeitura e pela Câmara de Ilhabela para construção de deques, píeres ou piscinas dentro das chamadas faixas de marinha. A faixa - para uso comum dos moradores e turistas da ilha - é de propriedade exclusiva da União. O perímetro da faixa de marinha começa a partir da vegetação rasteira da praia ou das pedras costeiras, avançando 33 metros na direção do território. Essas construções são erguidas sem autorização do órgão federal dentro da faixa de marinha. Áreas de preservação permanente ficam próximas de cachoeiras, rios e dentro do Parque Estadual de Ilhabela.

A gerência regional do Patrimônio da União pretende fazer uma vistoria nas 300 autorizações do Executivo e Legislativo de Ilhabela. A idéia será propor medidas ambientais compensatórias para os proprietários de residências construídas em faixas de marinha já consolidadas dentro do ambiente urbano. A ação demolitória vai valer para construções isoladas dentro do ambiente de preservação permanente, como em topos de morros, ou com áreas de lazer utilizando as pedras costeiras como base. “Ilhabela precisa entender que esse tipo de desenvolvimento urbano não tem sustentabilidade ambiental”, ressalta a gerente regional do Patrimônio da União, Evangelina de Almeida Pinho.

NOVAS APROVAÇÕES

A Gerência Regional da SPU enviou um ofício, em 5 de março, ao prefeito de Ilhabela, Manoel Marcos de Jesus Ferreira (PTB), solicitando informações sobre decretos legislativos autorizando ao Executivo aprovar edificações em faixa de marinha. O ofício informava que os proprietários conseguiam a aprovação das plantas sem prova de regularidade no SPU. Desde a data do ofício do órgão federal, a prefeitura e a Câmara já aprovaram quatro novas autorizações, sendo a última na segunda-feira para um projeto de lazer com píer, deque e piscina na faixa de marinha na Praia da Pacoíba, costa norte da ilha.

Os órgãos técnicos da Câmara informam que ainda existem mais dois projetos tramitando na Casa e oito foram devolvidos à Prefeitura na quinta-feira pela impossibilidade de os vereadores encontrarem os proprietários dos terrenos.

O ambientalista Edward Boehringer, ex-diretor de Meio Ambiente da prefeitura de Ilhabela e atual integrante do Comitê de Bacias Hidrográficas do litoral norte, afirma que todas as obras em faixa de marinha aprovadas pelos vereadores são irregulares do ponto de vista jurídico e ambiental. “A costa da ilha se transformou em um porco-espinho com o surgimento de vários píeres.”

Boehringer ressalta que qualquer edificação na praia, principalmente as colunas submersas dos píeres, interferem no fluxo da maré com risco de destruição de pequenas praias de enseadas ou a formação de novos bancos de areia. “A sombra dessas construções no mar também atrapalha toda a fauna e flora marinhas. Todos os projetos aprovados pelos vereadores em faixa de marinha têm vício de ilegalidade.”

O prefeito concorda que o patrimônio paisagístico de Ilhabela está ameaçado. Apesar de destacar que não tem atribuição legal para fiscalizar construções sobre pedras costeiras ou avançando pelo mar, o prefeito critica a falta de atuação da SPU, responsável pela área. “A prefeitura só pode fiscalizar nossa lei de uso e ocupação do solo, além de outras questões municipais. A responsabilidade é deles (SPU), só que eu nunca vi eles mandarem um só fiscal para cá.”

Fazer bonito



Fazer bonito, meu artigo na edição de ontem do jornal Canal Aberto.

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Sobre o assunto, algumas palavras além daquilo que o artigo já diz:

- Os fantasmas da Igreja Matriz continuam lá, mais brancos do que aquilo que Omo promete.
- Na Vila, a loja da DPNY continua exibindo um outdoor em plena rua São Benedito. A casa onde está o estabelecimento não é linda, mas é bem melhor do que o outdoor.

- A julgar pelo que se vê no Perequê e na Barra Velha, seria ótimo se a lei paulistana Cidade Limpa fosse adaptada para Ilhabela. Ou isso ou a lógica da melancia no pescoço.

- Tão logo o Pouso dos Corrêa foi vendido, as pedras que lá existem foram esterilizadas. Como se a beleza daquele jardim estivesse em sua limpeza hospitalar. Bonito mesmo é musgo.

- Existe um senso comum de que arquitetura é algo bonito. Não é, perceba. Ela pode ser bonita "em si" (sempre detestei essa expressão, mas ok, vamos lá), tomada isoladamente como objeto desenhado e modelado, como uma escultura, à maneira de Niemeyer. Mas vista no conjunto -- e não existe arquitetura sem entorno -- ela é feia, uma invasão horrível de um espaço que nunca foi preparado para aquilo. Que possa haver criatividade e apuro estético nessa tarefa, é um alívio na maioria dos casos em que essas coisas existem, mas quase toda a arquitetura está se lichando para o entorno, essa é a verdade.

domingo, agosto 19, 2007

Pague para entrar



Meu artigo no jornal Canal Aberto do dia 10 de agosto.

"Os profissionais do setor imobiliário são tão importantes quanto os do setor de turismo e serviços. Se nestes setores tudo e todos se combinam para que o meio ambiente seja preservado, espera-se que a mesma atitude seja comum em qualquer atividade imobiliária — da construção à regularização de casas, pousadas e quiosques, incluindo o trabalho de arquitetos, mestres-de-obra e corretores de imóveis. Mas quando dizem que Ilhabela tem a maior reserva de Mata Atlântica do Brasil e quando nossos emissários divulgam as praias da cidade nas feiras internacionais de turismo, esquecem de dizer isso aqui dentro, especialmente para os profissionais do setor imobiliário.(...)"

segunda-feira, agosto 06, 2007

Divulgando o Aikido



Artigo breve de minha autoria que foi publicado no Jornalzinho da Cidade do dia 4 de Agosto.